O juiz federal substituto da cidade de Dolores, Martín Bava, indiciou nesta quarta-feira (1) o ex-presidente argentino Mauricio Macri por espionagem ilegal contra parentes da tripulação do submarino argentino Ara San Juan, que afundou em 2017 durante seu governo.
A decisão ocorre um mês após o início da investigação de Bava sobre o ex-presidente por autorizar a espionagem de parentes dos 44 marinheiros falecidos. O juiz considerou Macri autor do crime de ações proibidas de inteligência.
Como parte do processo, Macri foi multado no valor de 100 milhões de pesos argentinos (aproximadamente 1 milhão de dólares) e está proibido de deixar o país ou de se ausentar de sua residência por mais de dez dias sem notificar o tribunal.
O juiz informou que, como o ex-presidente está em território chileno, a decisão passa a valer a partir do momento de seu retorno à Argentina.
Do lado das vítimas, a advogada dos familiares, Valeria Carreras, afirmou à mídia nacional que eles estavam aguardando uma decisão como essa contra Macri.
Vale lembrar que a medida ocorre depois que Bava conseguiu superar a barreira do segundo recurso apresentado por Macri para se livrar do processo. Os recursos alegavam, primeiro, que o juiz faz oposição ao partido de Macri (PRO) e segundo, que estava usando o período eleitoral em seu proveito. Nenhuma das alegações foi comprovada.
O juiz federal Martín Bava não iniciou a acusação até ter depoimentos das testemunhas de Macri no caso.
Pouco antes de Bava formalizar a acusação contra Macri, a defesa do ex-presidente pediu à Segunda Seção da Câmara Federal de Cassação Penal para afastar o juiz em questão, embora vários juristas considerem que a defesa de Macri pretende transferir o processo às cortes de Comodoro Py, terreno favorável ao macrismo.