A Amazônia Legal sofreu nova alta na taxa de desmatamento, que chegou a 21,97% no período entre agosto de 2020 e julho de 2021. Divulgados nesta quinta (18), os dados foram compilados por meio do programa Prodes, ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O levantamento destaca que é o maior índice já registrado na região desde 2006.
Foram desmatados, ao todo, 13.235 km². Os pesquisadores identificaram aumento de 52,9% na área total desmatada durante os três primeiros anos da gestão Bolsonaro, com média de 11.405 km² entre 2019 e 2021. Nos três anos anteriores, o sistema havia registrado média de 7.458 km².
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“Fica evidente que as ações necessárias por parte do Brasil para conter o desmatamento e as mudanças climáticas não virão deste governo, que está estacionado no tempo e ainda vê a floresta e seus povos como empecilho ao desenvolvimento”, disse, em nota, a porta-voz da campanha da Amazônia do Greenpeace, Cristiane Mazzetti.
A entidade destaca também que os números do documento datam de 27 de outubro e, portanto, são anteriores à ida de representantes da gestão Bolsonaro para a Conferência do Clima de Glasgow (COP 26), na Escócia.
“Apesar das tentativas recentes do governo em limpar sua imagem, a realidade se impõe mais uma vez. Os mais de 13 mil km² não surpreendem quem acompanhou os últimos três anos de desmonte na gestão ambiental brasileira e as tentativas de enfraquecer o arcabouço legal para a proteção do meio ambiente”, critica Mazzetti.
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Outras organizações também reagiram aos números, como é o caso do Observatório do Clima. A entidade pontua que esta é a primeira vez em que o desmatamento aumenta por quatro anos seguidos desde 1988, quando tiveram início as medições do Inpe.
“O resultado é fruto de um esforço persistente, planejado e contínuo de destruição das políticas de proteção ambiental no regime de Jair Bolsonaro. É o triunfo de um projeto cruel que leva a maior floresta tropical do mundo a desaparecer diante dos nossos olhos e torna o Brasil de Bolsonaro uma ameaça climática global”, disse o secretário-executivo da entidade, Marcio Astrini.
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Emergência
O contexto de emergência climática que chama a atenção do mundo tem atualmente os olhos voltados para o Brasil. A escalada do desmatamento registrada no último triênio tem deixado o país em maus lençóis por conta da devastação, que afeta acordos internacionais firmados pelo Estado brasileiro e compromete a imagem do país em determinadas tratativas do comércio globalizado.
“E essa situação só vai piorar, se o Senado aprovar o PL da Grilagem, que beneficia invasores de terras públicas e incentiva ainda mais desmatamento”, realça a porta-voz do Greenpeace, ao mencionar o controverso Projeto de Lei 2633/20, que tramita na Câmara dos Deputados. A proposta é patrocinada pela bancada ruralista, tradicional opositora do movimento em defesa do meio ambiente.
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Os dados divulgados nesta quinta pelo Inpe, por exemplo, foram mensurados em um intervalo em que 32% dos alertas de desmatamento estiveram relacionados às chamadas “florestas públicas não destinadas”, áreas pertencentes ao Estado brasileiro que ainda não receberam uma destinação específica e por isso se tornam foco frequente de grileiros de terras.
Edição: Vivian Virissimo