DEVASTAÇÃO

Desmatamento na Amazônia em outubro equivale às áreas de Porto Alegre e Belo Horizonte

Monitoramento do Imazon mostra 800 quilômetros quadrados de florestas destruídas

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Área desmatada na Amazônia só em outubro é do tamanho de Belo Horizonte e Porto Alegre - Paulo Pereira/Greenpeace

O desmatamento na Amazônia segue batendo recordes. De acordo com dados do monitoramento via satélite do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), foram derrubado 803 quilômetros quadrados de floresta somente em outubro.

O número corresponde às áreas somadas de Belo Horizonte e de Porto Alegre. O acumulado de janeiro a outubro é de 9.742 quilômetros quadrados, ou mais de seis vezes a cidade de São Paulo, pior índice em 10 anos.

Comparado com o mesmo período do ano passado, quando a devastação já havia batido a maior marca desde 2012, o desmatamento acumulado na Amazônia neste ano é 33% maior. Os resultados comprometem ainda mais a credibilidade do país no mundo, já que o Brasil assumiu compromissos de reduções de emissões e de desmatamento que está longe de cumprir.

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Como o desmatamento é associado ao avanços do agronegócio, com expansão de monoculturas e pastagens, além da extração de madeiras e garimpos, o Brasil corre o risco passar a sofrer, também, sanções econômicas.

Para o pesquisador do Imazon, Antônio Fonseca, os dados são preocupantes. Mostram que o país segue com patamares elevadíssimos de perda de floresta, configurando um cenário ainda muito distante daquele necessário para atingir as metas reafirmadas pelo Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26).

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Gráfico mostra desmatamento nos meses de outubro / Reprodução/Imazon

Desmatamento no Pará

A área destruída em outubro foi a segunda pior dos últimos 10 anos, ficando atrás apenas de 2020. Em outubro de 2020 foram devastados 890 quilômetros quadrados de floresta, 10% a mais do que o registrado no mesmo período deste ano. Para o pesquisador, o enfrentamento do cenário de recordes negativos depende de medidas como a redução da impunidade.

Além disso, ele defende que essas florestas que ainda não têm uso definido sejam convertidas para áreas protegidas. Por exemplo, terras indígenas, territórios quilombolas e unidades de conservação, com ações de fiscalizações intensificadas.

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Assista:

O Pará está no topo do ranking dos estados que mais desmataram na Amazônia há seis meses consecutivos. Foi responsável por 56% da destruição na região em outubro, que corresponde a 450 quilômetros quadrados, quase metade do território de Belém. Além disso, sete dos 10 municípios que mais destruíram a floresta são paraenses. E entre esses municípios, três estão concentrados ao longo da Rodovia Transamazônica.

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Destruição na Amazônia

Segundo estado que mais desmatou em outubro, a Amazônia destruiu uma área 39% maior em relação ao mesmo mês de 2020. Passou de 76 quilômetros quadrados para 106 quilômetros quadrados.

Segundo o Imazon, o estado já vinha mostrando alta no desmatamento desde abril, quando liderou o ranking dos que mais devastam a floresta. Em outubro, assim como em meses anteriores, municípios do Sul do estado, como Lábrea e Apuí, apareceram no ranking dos que mais derrubaram florestas na Amazônia.

Os dados obtidos pelo Imazon confirmam os do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Divulgados no último dia 5, mostraram que a Amazônia perdeu quase 800 quilômetros quadrados de florestas em outubro.