Apontado como a maior planície úmida do planeta, o Pantanal teve 57,5% do seu território queimados pelo menos uma vez nos últimos 36 anos, o que equivale a uma área de 86.403 km² já atingida pelo fogo. Considerado a ação das chamas, 93% ocorreram em vegetação nativa e 7% em área antrópica, sendo esta última ligada à intervenção humana no meio ambiente.
Foi o bioma brasileiro que mais incendiou no período, segundo levantamento divulgado nesta quarta-feira (29) pelo MapBiomas, coalização que reúne pesquisadores de universidades, ONGs e empresas de tecnologias que acompanham a ocupação e uso do solo no Brasil.
O estudo aponta que mais de 2,3 milhões de hectares foram queimados somente no ano passado, por exemplo. Feita por meio de imagens de satélite, a análise da situação do Pantanal mostra que áreas de vegetação campestre e savanas foram as mais atingidas pelo fogo, correspondendo a mais de 75% das partes queimadas.
O levantamento traz ainda outros dados alarmantes. Os pesquisadores identificaram, por exemplo, que a área coberta por água e campos alagados foi reduzida em 29% no período entre 1988 e 2018.
Eram 5,9 milhões de hectares no início da série histórica, passando pra 4,1 milhões de hectares em 2018, quando foi registrada a última cheia. O estudo aponta que, no ano passado, a área reduziu para 1,5 milhões de hectares, dado identificado como o menor dos últimos 36 anos.
O MapBiomas também registra que a ação antrópica saltou 261% no intervalo entre 1985 e 2020. O índice resulta em uma expansão de 1,8 milhão de hectares no período.
Também foi registrada uma duplicação da área de pastagens na Bacia do Alto Paraguai, que passou de 15,9% para 30,9%. A atividade é relacionada ao agronegócio. Quando se considera todo o Pantanal, a pastagem representa hoje 16,1% do território.
Houve ainda, no mesmo intervalo de tempo, um salto na ocupação da agricultura, que passou de 1,2% para 4,9%. Enquanto isso, a formação savânica sofreu redução de 24,4% para 18%.
Edição: Vivian Virissimo