Neste domingo

Argentinos escolhem novos legisladores; governo oscila entre esperança e resignação

Clima de incerteza após derrota do governo na eleição primária e uma oposição confiante marcam o clima desta eleição

Brasil de Fato | Buenos Aires, Argentina |
Argentinos escolhem novos legisladores; governo oscila entre esperança e resignação - Julian Álvarez/Télam

Neste domingo (14) de eleição legislativa, a Argentina vai às urnas para renovar metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado. Em forte clima de incerteza, setores do governo se dividem entre o otimismo e a resignação diante da expectativa do "inevitável", pelo menos no curto prazo.

O inevitável, no caso, é o cenário apresentado na eleição primária (PASO), realizada em 12 de setembro, que aponta para uma possível derrota da Frente de Todos (FdT), aliança governista que une correntes divergentes do peronismo. O resultado da PASO representou uma vantagem para a coalizão de direita do ex-presidente Mauricio Macri, Juntos pela Mudança (JxC), que venceu em 16 das 24 províncias da Argentina, enquanto o FdT venceu em apenas seis.

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A Confederação Geral do Trabalho (CGT), próxima ao presidente Alberto Fernández, já convocou a uma marcha em apoio ao governo para três dias após a eleição, na quarta-feira (17), tendo como marco o Dia da Militância.

Com expectativa de reverter o resultado da eleição primária de setembro, o governo argentino investiu em "reativação", com uma série de programas sociais e econômicos, que começou com a reestruturação do gabinete e a troca de diversos ministros. Logo, seguiu com anúncios de flexibilização de medidas sanitárias preventivas contra a covid-19, como a não obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços abertos.

A campanha do FdT explorou o avanço da campanha de vacinação contra a covid-19 e levou o lema "a vida que queremos" a spots e outdoors.


Peça de campanha da Frente de Todos: "Estamos começando a sair para a vida queremos todos". / Frente de Todos/Divulgação

Internamente, parte do governo aposta em ganho eleitoral decorrente das medidas anunciadas nesses dois meses, provavelmente como o melhor dos casos. Enquanto segue a postura de negociação com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a equipe do presidente Alberto Fernández também impulsionou benefícios como o plano de conversão de auxílios sociais em empregos, ainda que com pouca clareza sobre sua concretude, e, o mais popular – e polêmico entre os empresários –, o congelamento de preços de produtos da cesta básica total.

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Confiante, a coalizão JxC apostou por uma campanha mais agressiva contra o governo e mais alinhado ao discurso da ultradireita – setor para o qual perderam votos, com destaque para o candidato na capital federal de Buenos Aires, Javier Milei –, com mensagens que incitam à "liberdade ou autoritarismo".


Pesquisas apontam para vitória da JxC com 30,1% contra 38.1% para o FdT na província de Buenos Aires, maior distrito eleitoral do país. / Consultora Equis y Proyección Consultores

Além da imagem de unidade, em contraposição às internas do peronismo desencadeadas publicamente após a derrota em setembro, a JxC investiu no discurso da segurança. Alinhados com a força política, os meios de comunicação de maior alcance do país, La Nación e Clarín, reforçaram a proposta, explorando intensamente episódios de violência nas capas de jornais e longas reportagens televisivas.

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O fechamento de campanha da JxC contou com a presença do ex-presidente Macri, quem tem ocupado uma posição secundária nas decisões da coalizão e não tem participado ativamente da campanha. Por outro lado, o chefe de governo da capital federal, Horacio Rodríguez Larreta, tem se firmado como uma autoridade nesse espaço impulsionando propostas como o fim da indenização obrigatória por demissão, extremamente criticada por setores progressistas.

O resultado é esperado para a noite deste domingo, entre 21h30 e 22h, segundo a Câmara Nacional Eleitoral do país. Serão renovadas 127 bancas das 257 da Câmara dos Deputados e 24 das 72 da Câmara de Senadores.

Edição: Daniel Lamir