Todo dia é dia de ter uma alimentação saudável. No entanto, uma parcela da população brasileira luta para ter qualquer tipo de alimentação. Conforme o estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Pessan), quase 20 milhões de brasileiros afirmam que passam períodos de 24 horas sem ter o que comer. Cerca de metade da população – 116,8 milhões de pessoas – sofre atualmente de algum tipo de insegurança alimentar.
Para marcar a importância da semana da alimentação saudável foram doados pelos Sem Terra, somente em Porto Alegre, cerca de 5 toneladas de produtos da Reforma Agrária para associações de moradores, cozinhas comunitárias e creches da periferia na Capital. As entregas finalizam nesta terça-feira (19).
As famílias receberam arroz orgânico, feijão orgânico, óleo, leite, suco, carne de porco, banha, hortaliças e botijões de gás. “Nós temos 80 pessoas cadastrada aqui na comunidade Bom Jesus. São pessoas que precisam muito dessa comida. Ficamos muito felizes com o apoio do MST nessa luta. A doação desses alimentos nos ajuda na produção de marmitas para o nosso povo”, relata a moradora e liderança Maria Elisabete Saldanha Vilela.
Segundo Geronimo da Silva, dirigente estadual do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) no Rio Grande do Sul, é um direito do povo ter o que comer, e o mais importante, ter acesso ao alimento saudável. Por isso o MST está nessa luta junto com a população que mais necessita.
“É uma tarefa nossa enquanto movimento social que produz alimento. Nós fazemos essa contribuição solidária com os trabalhadores e as trabalhadoras urbanos para demarcarmos que estamos em uma situação de muita desigualdade no Brasil. Queremos debater e destacar o tema da alimentação saudável, da soberania alimentar, mas também da fome”, pontua Silva.
"Não queremos só dar comida, a gente quer dar cidadania"
Sarai Brixner, integrante do Comitê Gaúcho de Combate à Fome e Contra o Vírus da Lomba do Pinheiro, evidencia a importância da parceria com o movimento. De acordo com ela, semanalmente, as doações de fígado e arroz orgânico feitas por cooperativas do MST têm garantido a proteína que é disponibilizada nas marmitas para aproximadamente 1.500 pessoas na comunidade, além de outros produtos.
“No momento em que o movimento faz a opção de garantir comida saudável ao povo que vive nas comunidades de periferia e que às vezes não tem a condição de comprar um produto tão bom, nós estamos falando de uma solidariedade que quer com que aquelas pessoas tenham saúde, que tenham uma nutrição qualificada para poder enfrentar os dilemas da sociedade”, destaca Sarai.
Ela finaliza sua fala e traz a vontade de seguir com a parceria entre Comitê e MST. “Nós do Comitê da Lomba em primeiro lugar somos muito gratos por essa parceria, e em segundo queremos fortalecer esse trabalho. Não queremos só dar comida, a gente quer dar cidadania, possibilidade de geração de renda, oportunidades para que essas pessoas também possam se libertar, se levantar e fazer ações de solidariedade assim como as que elas estão recebendo”, conclui Sarai.
No RS o movimento doou, desde o início da pandemia da covid-19, mais de 480 toneladas de alimentos produzidos por assentados e cooperativas da Reforma Agrária Popular.
Dia das Crianças na periferia
O MST, enquanto Periferia Viva, também contribuiu na construção do Dia das Crianças das comunidades carentes de Porto Alegre. De acordo com Geronimo da Silva, essa ação se faz necessária ainda mais nesse momento de pandemia. “Muitas crianças ficaram órfãs, perderam seus pais e mãe para a covid. Então esse foi o momento de trazer sociabilidade e de mostrar a solidariedade com as crianças”, assinala o dirigente.
Mais de 4 mil crianças participaram das atividades em diversos pontos da periferia na Capital. A alegria das crianças ao receber um brinquedo, e principalmente um alimento saudável, é um dos principais motivos de incentivar a continuidade da luta nesses espaços.
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Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira