SOLIDARIEDADE

Nicolás Maduro publica mensagem desejando ‘recuperação rápida’ de Lula

Presidentes de Brasil e Venezuela haviam trocado farpas nas últimas semanas; petista passará por cirurgia nesta quinta

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Último encontro de Maduro com Lula foi em março durante a cúpula da Celac em São Vicente e Granadinas - Prensa Presidencial

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enviou uma mensagem ao chefe do Executivo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira (10) desejando uma rápida recuperação. O petista passará por um procedimento endovascular nesta quinta-feira (12) depois de um sangramento intracraniano decorrente do acidente doméstico que sofreu no dia 19 de outubro.

“Acompanho de perto os relatos que mostram uma evolução positiva da situação médica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem transmito minha total solidariedade e votos de rápida recuperação, para que em breve possa retornar às suas atividades plenas à frente da irmã República Federativa do Brasil. Nosso abraço irmão Lula! Estamos com você!”, disse Maduro em publicação nas redes sociais. 

Segundo o médico Roberto Kalil, o procedimento desta quinta é “simples e de baixo risco”. O boletim médico divulgado nesta quarta (11) pelo Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP), informou que o presidente passará por uma embolização da artéria meníngea média, que é a artéria responsável pela irrigação do nariz, olhos, couro cabeludo e da face. 

A operação é complemento da cirurgia de emergência realizada na terça-feira (9) para drenar sangramento intracraniano. O procedimento já estava previsto diante da possibilidade de um novo sangramento. Mas, segundo Kalil, era necessário esperar pela evolução do paciente após a cirurgia para "bater o martelo". 

A situação médica do presidente é resultado do acidente doméstico que Lula sofreu em outubro, quando escorregou e caiu no Palácio da Alvorada. Na ocasião ele levou cinco pontos na cabeça. Duas semanas depois, Lula foi submetido a uma cirurgia de emergência para drenagem da hemorragia. O procedimento transcorreu sem complicações e o presidente se recupera na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Acidente e a relação com a Venezuela

O acidente impediu que Lula participasse da cúpula do Brics, realizada de 22 a 24 de outubro em Kazan, na Rússia. No encontro, o governo venezuelano esperava ser incorporado ao grupo na categoria de “Estado parceiro”, mas ficou de fora da lista de 13 novos integrantes por um veto do Brasil. A decisão do Itamaraty revoltou os venezuelanos.

O Ministério das Relações Exteriores venezuelano disse que a representação do Itamaraty no bloco manteve o veto que o ex-presidente Jair Bolsonaro aplicou durante anos ao país. Em nota, a chancelaria afirmou que a medida reproduz o “ódio, a exclusão e a intolerância” que foram promovidas contra os venezuelanos na última década a partir dos “grandes centros de poder”.

O motivo do veto não foi justificado publicamente pelo governo de Lula. O presidente não compareceu ao evento e enviou o chanceler, Mauro Vieira, para chefiar a delegação. Caracas afirma que a decisão foi uma “punhalada nas costas” e que a medida de “ingerência” do governo brasileiro é uma forma de interferir na política local.

Em audiência na Câmara dos Deputados, o assessor especial da presidência para assuntos Internacionais, Celso Amorim, também não explicou o veto no Brics e voltou a falar sobre as eleições no país vizinho. Ele reforçou que a questão envolvendo o pleito da Venezuela deve ser resolvida pelos venezuelanos e que o Brasil não reconhece a eleição do presidente Nicolás Maduro, até que sejam apresentados os resultados desagregados.

Em resposta à fala do assessor especial, o governo da Venezuela convocou o embaixador venezuelano no Brasil, Manuel Vadell, para consultas. Em nota, Caracas afirmou que a medida foi tomada depois das declarações “intervencionistas e grosseiras” de Amorim. A chancelaria venezuelana também convocou o encarregado de negócios do Brasil em Caracas para demonstrar “rechaço” às declarações de representantes do governo brasileiro em relação ao processo eleitoral do país.

A tensão entre os dois foi reduzida depois de Lula dizer, em 10 de novembro, que não questionaria a decisão da Suprema Corte de outros países para que essas críticas não respinguem no Brasil no futuro. O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela validou o resultado das eleições de 28 de julho que tiveram a vitória de Nicolás Maduro com 51,97% dos votos contra 43,18% do opositor Edmundo González Urrutia.  

Maduro elogiou a declaração do brasileiro e afirmou que a fala foi uma reflexão “sábia” do petista: “Ponto a favor de Lula”.

Edição: Rodrigo Durão Coelho