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Venezuela suspende diálogo com oposição após extradição de diplomata aos EUA

Alex Saab estava preso em Cabo Verde desde junho de 2020; Governo denuncia ilegalidade da prisão e extradição

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Chefe da delegação do governo Jorge Rodríguez anunciou suspensão da participação na mesa de diálogo no último sábado (16) - Assembleia Nacional Venezuela

O governo da Venezuela suspendeu sua participação na rodada de diálogos com a oposição que aconteceria no último domingo (17), no México, após o empresário Alex Saab, aliado de Caracas e funcionário diplomático venezuelano, ser extraditado de Cabo Verde, onde estava preso, para os Estados Unidos.

Em pronunciamento, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e chefe da delegação venezuelana nas negociações com a oposição, Jorge Rodríguez, classificou o ato como um "sequestro" e disse que a ausência na rodada de diálogos é uma forma de protesto, já que Saab integrava a equipe de negociações do governo.

"Em virtude dessa ação gravíssima, nossa delegação suspende a participação na mesa de negociação e diálogo e, em consequência, não participaremos da rodada que deveria começar no dia 17 de outubro, como expressão profunda de nosso protesto frente à brutal agressão contra a pessoa de nosso delegado Alex Saab", disse Rodríguez.

A informação da extradição de Saab foi confirmada no sábado (16) por seu advogado Manuel Monteiro. "Fomos informados de que Alex Saab foi colocado em um avião do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e enviado para aquele país", disse.

Saab estava preso em Cabo Verde desde o dia 12 de junho de 2020. Ele estava de viagem a serviço do governo da Venezuela e foi detido a pedido da Interpol durante uma parada técnica que o avião que o transportava realizou no país africano.

Empresário colombiano naturalizado venezuelano, Saab é acusado pelos EUA de lavagem de dinheiro em uma operação de compra de alimentos no exterior para as lojas Clap, que fazem parte da rede de abastecimento alimentar da Venezuela. Há acusações contra Saab também na Colômbia. Além disso, o cidadão naturalizado venezuelano foi alvo de sanções por parte do governo norte-americano em 2019 e teve alguns bens congelados.

Washington solicitava a extradição de Saab desde o ano passado. Segundo a defesa e o governo venezuelano, a medida é ilegal, já que o devido processo pela libertação do empresário não foi totalmente concluído em Cabo Verde.

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Juristas também argumentam que a detenção e extradição de Saab seriam ilegais, já que ele estava viajando em missão diplomática da Venezuela. Em entrevista a Opera Mundi em 2020, na ocasião da prisão de Saab, o jurista brasileiro Pedro Serrano afirmou que a detenção do empresário poderia ser considerada "um sequestro".

"Em uma missão diplomática, o avião é um pedaço da nação venezuelana. A prisão de um representante diplomático é absolutamente irregular. É um sequestro. As autoridades de Cabo Verde deveriam ter deixado o avião abastecer e prosseguir. Não é um fator político. Eu sou crítico ao governo da Venezuela, mas isso é um fator de soberania", disse.

Com a extradição efetuada, Caracas alega que a vida de Saab corre perigo e promete levar o caso a instâncias jurídicas transnacionais.

"A vida de Saab corre perigo nas mãos de um sistema de justiça instrumentalizado para agredir a Venezuela e exigimos que o governo norte-americano libere nosso delegado", disse Rodríguez.

O presidente da AN ainda afirmou que a extradição é "um ato de agressão por parte dos EUA contra a Venezuela, já que Saab havia sido incorporado como membro pleno do processo de diálogo e negociação que acontece no México".