Trabalho

Trabalhadores da Prevent Senior cantavam hino com letra bélica; ouça e entenda se há crime

Música, com tom bélico, foi composta pelos irmãos Parillo, sócios do plano de saúde, e evoca espadas e canhões

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Na CPI da Pandemia, a advogada Bruna Morato, que atende ex-médicos da Prevent Senior, informou que os trabalhadores eram obrigados da empresa - Foto: Prevent Senior

Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, a advogada Bruna Morato, que representa ex-médicos da Prevent Senior, informou que os trabalhadores eram obrigados a cantar o hino da empresa. A canção é composta pelos irmãos Eduardo e Fernando Parrillo, sócios do plano de saúde e que possuem uma banda de rock, a Doctor Pheabes.

Segundo Morato, os médicos eram obrigados a colocar a mão no peito enquanto cantavam a canção. Especialistas em direito trabalhista ouvidos pelo Brasil de Fato afirmam que a prática pode ser configurada como assédio no ambiente de trabalho, caso algum trabalhador seja forçado a participar do ritual. Se houver adesão espontânea, não há crime.

Chama a atenção o tom bélico do hino, com frases que evocam símbolos de guerra, como canhões e espadas, e convocação para a luta até a morte. Discurso contrastante para uma empresa que pretende oferecer alternativas para a saúde de seus clientes.
 


Nascemos para trilhar
Um caminho a desbravar
Nascemos para viver
De lutas até morrer
E, juntos, nós estaremos
E, juntos, nós venceremos
Com espadas e canhões
Nós somos os guardiões
Nós somos os guardiões
Nós somos os guardiões

Em seu depoimento, a advogada dos ex-médicos da Prevent Senior solicitou que trabalhadores da empresa publiquem nas redes sociais vídeos com o ritual. Segundo ela, as imagens explicitam a “ideologia da empresa”. A empresa nega que tenha forçado os funcionários a cantarem a música.

A banda dos irmãos Parillo, a Doctor Pheabes, já tocou em grandes festivais, como Rock in Rio e Lolapalooza e gravou, em 2020, com o cantor Supla a música “Let’s Go”, que faz parte do disco “Army the Sun.”

Edição: Vinícius Segalla