CRISE HÍDRICA?

Conheça os 5 fatores por trás do discurso da "crise hídrica" que atinge todo o país

Segundo Roberto Oliveira, do MAB, "conluio de Bolsonaro com grandes empresas de energia gerou aumento da conta de luz"

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Usina hidrelétrica
Reservatório da Usina Hidrelétrica Paraibuna é um dos reguladores das vazões do Rio Paraíba do Sul, responsável pelo fornecimento do estado do Rio - Reprodução/Cesp

Diferentes cidades do Brasil tiveram nesta segunda-feira (27) protestos contra o aumento da tarifa de energia elétrica para a população.

Em alguns casos, a conta de luz de famílias de periferias do país chegou a R$ 1.000 e o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) já recebeu mais de 40 mil reclamações de usuários.

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Em artigo recente, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) acusou o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e os agentes empresariais que controlam o setor elétrico nacional de mentirem sobre a crise atual.

Segundo o MAB, o volume de água que entrou nos reservatórios das usinas hidrelétricas no último ano não foi transformado em energia.

Dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) revelam o volume de energia produzida por hidrelétricas ficou em 47.300 MW médios, ou seja, 4.250 MW médios abaixo da quantidade de água que entrou nos reservatórios no mesmo período, o equivalente a 51.550 MW, ou uma usina de Belo Monte.

O discurso da “crise hídrica” esconderia o fato de que os reservatórios foram esvaziados sem que houvesse necessidade de atender a um aumento na demanda, uma vez que o consumo nacional de eletricidade diminuiu uma média de 10% durante o ano de 2020. Com o aumento da demanda no ano seguinte e diante da escassez da energia, a tarifa explodiu.

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"Toda essa água vertida poderia ter sido armazenada ou transformada em energia, sem aumento dos custos. Mas não foi o que aconteceu. Os donos das hidrelétricas não perderam dinheiro com isso, pois o chamado déficit hídrico é cobrado integralmente nas contas de luz da população", apontou o MAB.

Em entrevista ao Brasil de Fato, Roberto Oliveira, da coordenação nacional do movimento no Rio de Janeiro, elencou alguns fatores por trás do discurso da "crise hídrica" que vem sendo espalhado pelo governo Bolsonaro e exposto na mídia. Confira:

Aumento 

"O governo Bolsonaro autorizou mais um aumento de 50% nas Bandeiras Tarifárias de Energia Elétrica. Essa medida obrigará o povo a pagar R$ 14,20 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumido ao mês. Por hora essa cobrança valerá até abril de 2022".

Beneficiados

"O grande problema é que esse valor arrecadado será destinado para as próprias empresas do setor elétrico, que já lucraram imensamente, e para subsidiar os grandes consumidores (grandes empresas que consomem muita energia). Isso pode ser classificado como roubo. Obriga o povo trabalhador a pagar caro para passar o dinheiro para as próprias empresas de energia e para as grandes indústrias que já lucram muito".

Conluio

"Essa grande crise no setor, que podemos chamar de caos, é fruto de uma política do governo em conluio com as grandes empresas de energia, que operaram os lagos até esvaziá-los e, com isso, criaram um ambiente de escassez de água, sem água, sem geração de energia hidroelétrica. Com isso, justificando a explosão nas tarifas, penalizando o povo que paga e não tem escolha de qual energia quer comprar e enchendo de dinheiro os grandes empresários que atuam no setor".

Erro

"A atual política energética do governo Bolsonaro tem usado a energia das termoelétricas, que gera energia a um preço elevado, chegando até R$ 1.500,00 para cada 1.000 kilowatt hora".

Roubo

"O cenário é preocupante, a política do governo Bolsonaro na energia é injusta, penaliza os mais pobres, que já estão sendo tão atacados. Com o desemprego em alta, as consequências da pandemia, o preço da cesta básica, do aluguel, do transporte, gás de cozinha, combustíveis, como o povo brasileiro vai pagar tudo isso?

Não é o povo que deve pagar essa conta. O povo brasileiro é vítima da pilhagem das grandes empresas do setor de energia, do capital financeiro e do seu próprio governo. É urgente mudar a política vigente no setor elétrico. Só com muita mobilização popular será possível,  isso passa pela derrota de Bolsonaro e sua política econômica".

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Mariana Pitasse