UMA MÃO LAVA OUTRA?

Funcionária de Guaidó renuncia à presidência de empresa venezuelana na Colômbia

Carmen Hernández afirmou que pretende colaborar com autoridades colombianas, uma semana após intervenção na Monómeros

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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Carmen Elisa Hernández foi nomeada por Guaidó em 2019 para assumir a presidência da Monomeros SA e agora abandona o cargo com suspeita de corrupção - Reprodução / Monómeros

Uma semana após a intervenção da Superintendência de Sociedades, organismo vinculado ao Ministério do Comércio da Colômbia, na Monómeros S.A, a presidenta da empresa, nomeada por Juan Guaidó, renunciou ao cargo. Carmen Elisa Hernández afirmou em carta que a empresa atravessa uma "situação grave" e que está de acordo com a intervenção do Estado colombiano. 

Meios de comunicação colombianos comentam uma possível fuga de Carmen Elisa Hernández, acusada de corrupção nos contratos da petroquímica Monómeros S.A com a distribuidora de fertilizantes e produtos químicos estadunidense, Nitron Group LLC. 

A companhia Monómeros, filial na Colômbia da petroquímica venezuelana Pequiven, abastece 50% do mercado nacional colombiano de fertilizantes, emprega 1.400 pessoas e gera mais 900 postos de trabalho indiretos. Desde 2019, a empresa pública venezuelana era administrada por funcionários nomeados por Juan Gauidó, reconhecido pela gestão de Iván Duque como autoridade legítima da Venezuela. 

No dia 6 de setembro, a Superintendência de Sociedades interviu na Monómeros alegando "má gestão". O governo bolivariano denunciou o caso como um "roubo flagrante" de um patrimônio público venezuelano. A gerência geral da Monómeros também publicou um comunicado criticando a medida do Estado colombiano e declarando que iriam recorrer medidas legais para reverter a decisão. 

Já Carmen Elisa Hernández, ex-presidenta da empresa, declara estar de acordo com a intervenção e repudiou a nota escrita pelo restante da diretoria da Monómeros. "Fazem um enfrentamento evidente contra o Estado colombiano que brindou apoio incondicional ao governo interino", escreveu na carta de renúncia.

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Carmen Elisa Hernández é engenheira mecânica e foi a única funcionária da junta diretiva nomeada em 2019 que permaneceu até 2021 na empresa. Entre 2008 e 2014. foi diretora geral da prefeitura do município de Baruta durante a gestão de Gerardo Blyde, atual chefe da delegação opositora na Mesa de Diálogo Nacional que teve sua primeira rodada no México no início do mês. Segundo denunciam os próprios opositores, Hernández seria o nome indicado por Leopoldo López - braço direito de Guaidó e fundador do seu partido.

Nas redes sociais, tanto chavistas como opositores acusam Carmen Elisa de abrir caminho para a entrega da empresa venezuelana ao Estado colombiano. 

Edição: Arturo Hartmann