Assessorou Damares

Quem é o líder de grupo integralista que está convocando atos para o 7 de setembro no DF

Ex-integrante do governo Bolsonaro preside o PTB-DF e visitou ministro Queiroga e senador Eduardo Girão

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Paulo Fernando Melo em foto com Bolsonaro; líder do integralismo no DF organiza ato marcado para o Dia da Independência - Reprodução/Facebook

O advogado Paulo Fernando Melo, um dos líderes do movimento integralista no Brasil, é organizador da manifestação pró-governo do presidente Jair Bolsonaro que vai ocorrer nesta terça-feira (7), no Dia da Independência, em Brasília (DF). Melo trabalhou na gestão federal em cargo comissionado, como assessor especial da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), de fevereiro de 2019 a maio de 2021.

O integralismo é um movimento político surgido no Brasil na década de 1930, influenciado pelos ideais fascistas que se desenvolveram na Europa após o fim da I Guerra Mundial. Nos dias atuais, a pauta é invocada por grupos como a Frente Integralista Brasileira (FIB), coordenada por Melo, e o Movimento Integralista e Linearista Brasileiro (MIL-B).

Depois da saída do posto no Executivo, Melo permaneceu próximo da gestão Bolsonaro. Em 26 de agosto, fez reunião no gabinete do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O encontro, que inicialmente não estava registrado em agenda oficial, foi revelado pela imprensa e só depois inserido nos registros oficiais do chefe da Saúde.


Melo e Queiroga no gabinete do Ministério da Saúde em agosto deste ano / Reprodução/Instagram

A justificativa oficial da pasta, divulgada à época, é que a reunião serviu para coleta de depoimento para biografia sobre o deputado de extrema direita Enéas Carneiro (1938-2007), de quem Queiroga foi aluno. Melo chegou a assessorar o ex-presidenciável.

Na data do encontro entre Queiroga e Melo, os atos de 7 de setembro já estavam marcados. As manifestações insufladas por bolsonaristas terão a presença do presidente em Brasília, pela manhã, e na Avenida Paulista, em São Paulo, no período da tarde. Melo é um dos principais entusiastas do movimento na capital federal.

Em 12 de junho, Melo foi nomeado pelo ex-deputado Roberto Jefferson como presidente do PTB no Distrito Federal. Sob comando do ex-congressista preso pela Polícia Federal, a sigla passa por radicalização e tem abrigado cada vez mais integrantes de grupos fascistas e neonazistas.

Antes de assumir a função no partido, Melo permaneceu por quase dois anos no governo federal com atuação direta no gabinete de Damares. O cargo que ocupava lhe rendia vencimentos superiores a R$ 16.000 mensais. Ele ainda consta na lista de autoridades do ministério.


Nome de Paulo Melo ainda consta no site do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos / Reprodução/GOV.BR

O currículo apresentado pelo integralista tem como principal experiência profissional a assessoria parlamentar na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Segundo ele, a atuação dentro do Congresso Nacional foi iniciada em 1989 e só se encerrou em 2018.

No último dia 16 de agosto, Melo fez reunião no Senado com Eduardo Girão (Podemos-CE), um dos principais integrantes da bancada governista na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as ações e omissões do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus.

Segundo o integralista, o encontro com Girão tratou "a respeito da jogatina, das drogas, do aborto e do cenário político nacional". Na ocasião, as manifestações de 7 de setembro também já estavam sendo convocadas pelo presidente por seus apoiadores.


Melo ao lado do senador Eduardo Girão em foto divulgada no final de agosto / Reprodução/Twitter

Neste domingo (5), a conta Integralismo no DF no Twitter, que identifica Melo como seu principal líder, publicou uma imagem com bandeiras que devem ser levadas à Esplanada dos Ministérios durante a manifestação do Dia da Independência.


Publicação divulgada por integralistas do Distrito Federal no Twitter / Reprodução/Twitter

Na última quinta-feira (2), o mesmo perfil divulgou foto de panfletos impressos que devem ser entregues durante o ato. De acordo com eles, são exemplares do "Manifesto de Outubro", publicação escrita pelo líder fascista Plínio Salgado e publicada na década de 40.


Exemplares do "Manifesto de Outubro", escrito originalmente por Plínio Salgado / Reprodução/Twitter

Edição: Vivian Virissimo