Ataques

Em nova bravata, Bolsonaro diz que 7 de setembro é “ultimato” para ministros do STF

Ameaças do presidente inflamam crise institucional nas vésperas da data para a qual são convocados atos extremistas

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |

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Bolsonaro vive crise institucional com Poder Judiciário especialmente por conta de defesa do voto impresso - Antonio Cruz/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a fazer ameaças aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (3).

Durante um evento com apoiadores no município de Tanhaçu (BA), o chefe do Executivo disse que os protestos agendados para o 7 de Setembro seriam um “ultimato” para dois magistrados da Corte.

“Nós não criticamos instituições ou poderes. Somos pontuais. Não podemos admitir que uma ou duas pessoas, usando da força do poder, queiram dar outro rumo para o nosso país. Essas uma ou duas pessoas têm que entender o seu lugar. E o recado de vocês, povo brasileiro, nas ruas na próxima terça, dia 7, será um ultimato pra essas duas pessoas”, discursou.   

“Curvem-se à Constituição. Respeitem a nossa liberdade. Entendam que vocês dois estão no caminho errado porque sempre dá tempo pra se redimir”, acrescentou o presidente, sem citar nomes.

A declaração é interpretada como uma referência aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, com os quais Bolsonaro tem vivido duros embates.

O primeiro é o condutor do inquérito das fake news, investigação em que o ex-capitão foi incluído no início de agosto por ataques às urnas eletrônicas. Já Barroso é o atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o qual o chefe do Executivo também tem travado uma disputa em torno da pauta do voto impresso, já derrotada em votação na Câmara dos Deputados.

O ex-capitão insiste no tema à medida que inflama a crise institucional entre os Poderes Executivo e Judiciário. Pragmaticamente, Bolsonaro não pode dar um “ultimato” a magistrados da Corte. A única forma de um dos membros do STF deixar o cargo, sem ser via aposentadoria, é por meio de um impeachment.  

Esse caminho já foi negado politicamente pelo Senado quando, no último dia 25, o presidente Rodrigo Pacheco (DEM-MG) barrou o pedido de impeachment contra Moraes que havia sido apresentado pessoalmente por Bolsonaro.

Apesar disso, o chefe do Executivo segue estimulando a disputa. Durante o evento na Bahia nesta sexta, mesmo dizendo que pretende seguir o texto constitucional, ele mais uma vez ameaçou infringi-lo.

"Nós não precisamos sair das quatro linhas da Constituição. Mas, se alguém quiser jogar fora das quatro linhas, nós mostraremos que poderemos fazer também valer a vontade e a força desse povo”, disse, em referência indireta aos ministros.  

As novas declarações golpistas de Bolsonaro surgem no contexto em que o líder extremista incentiva a ida da população conservadora às ruas no feriado de 7 de Setembro para apoiar bandeiras por ele estimuladas, como o fechamento do Congresso Nacional e do STF.

Edição: Leandro Melito