A tradicional manifestação do Grito das Excluídas e dos Excluídos, realizada todo dia 7 de setembro desde 1995, terá este ano o apoio da Campanha Nacional Fora Bolsonaro, em um dos piores momentos da crise política e social causada pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido). O mote da mobilização não poderia ser mais explícito: “Vida em primeiro lugar — na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda já!”.
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"Está muito claro, quando o Bolsonaro fala em fuzil no lugar do feijão, que nós estamos dizendo o oposto, que precisamos alimentar o povo que passa fome. Para alimentar esse povo, é necessário reforma agrária, é necessário demarcar as Terras Indígenas e quilombolas, tudo o que este governo não vem fazendo", afirma Ana Moraes, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Campanha Nacional Fora Bolsonaro. Ela lembra que essa mobilização sempre se pautou por dar voz exatamente às populações excluídas ao longo da construção do país.
Em Brasília, o ato será realizado na Torre de TV, a partir das 9 horas. De lá, os manifestantes devem seguir em marcha até o Memorial dos Povos Indígenas. O Grito dos Excluídos é uma inciativa das pastorais sociais, o setor mais progressista da Igreja Católica, e de movimentos populares, como o MST.
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Os organizadores recomendam aos que forem participar do ato que usem máscara o tempo todo, de preferência os modelos que oferecem maior segurança, como PFF2 e N95, e tendo mais de uma unidade disponível, em caso de necessidade de troca. O distanciamento e o uso de álcool gel também são orientações expressas. "Isso para nós é fundamental porque estamos na rua em defesa da vida e precisamos nos preservar", aponta Ana Moraes.
Bolsonarismo vai às ruas
A poucos quilômetros da Torre de TV, na Esplanada dos Ministérios, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, favoráveis à ruptura institucional no país, organizam um ato em favor do governo. A expectativa é que o próprio presidente participe da mobilização. Nas últimas semanas, ele tem se empenhado pessoalmente para alavancar os atos, que terão maior peso em Brasília (DF) e em São Paulo (SP), na Avenida Paulista.
"Por mais grande que possa parecer essa mobilização do bolsonarismo, a gente tem que levar em conta que eles vão concentrar os atos em duas cidades, Brasília e São Paulo, com setores do agronegócio financiando. Essa concentração é uma estratégia do bolsonarismo para demonstrar força. Nós, do Grito dos Excluídos, estaremos mobilizados em mais de 100 cidades do país. As pessoas vão estar mobilizando no seu local de moradia, de militância. Do lado de lá, vai ocorrer uma financeirização da mobilização, eles vão levar as pessoas aos atos", observa Ana Moraes.
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Ainda segundo a militante, o Grito dos Excluídos será totalmente pacífico e não há temor do movimento. "O temor está na fome causada pelas ações e omissões desse governo. É o temor que nos levará a protestar mais um dia contra Bolsonaro", acrescentou.
Após o 7 de setembro, a Campanha Nacional Fora Bolsonaro seguirá mobilizada e definirá uma nova agenda de protestos contra o governo pelos próximos meses.
Esquema de segurança
A região central de Brasília terá reforço no policiamento nos próximos dias em função das manifestações do 7 de setembro. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) realizará linhas de revistas pessoais e bloqueios nas principais vias da Esplanada dos Ministérios e proximidades da Torre de TV. Também haverá bloqueio do trânsito em vários pontos da região central da capital federal.
Segundo o Governo do Distrito Federal (GDF), será proibido acessar as áreas em que serão realizadas as manifestações portando objetos pontiagudos, garrafas de vidro, hastes de bandeiras e outros materiais que coloquem em risco a segurança de manifestantes e população. Também fica restrita a utilização de drones sem autorização no espaço aéreo da Esplanada.
Os eventos serão monitorados pelo Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob), com apoio de equipes em campo. O centro reúne 29 órgãos, instituições e agências do GDF voltadas para segurança, mobilidade, saúde, prestação de serviço público e fiscalização.
A Promotoria de Justiça Militar do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recomendou à Secretaria de Segurança Pública (SSP) e ao Comando-Geral da Polícia Militar do DF que seja proibida a participação de policiais militares da ativa, que não estejam em serviço, nas manifestações políticas marcadas para 7 de setembro. Em caso da participação de policiais, advertiu o MPDFT, será instaurado procedimento de apuração de falta disciplinar.
Fique por dentro
27º Grito das Excluídas e dos Excluídos
Quando: 7 de setembro, a partir das 9h
Onde: Torre de TV (zona central de Brasília)
*Com informações da Agência Brasil
Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino