POLÍTICA

Lula chega ao Recife no domingo (15) para costuras políticas, de olho em 2022

Ex-presidente quer “amarrar” PSB e sentar com antigos aliados que hoje apoiam Bolsonaro; visita deve durar dois dias

Brasil de Fato | Recife (PE) |

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Lula deve chegar ao Recife no fim da tarde ou início da noite do domingo (15) - Foto: Agência Brasil

Após dois meses de conversas, envolvendo principalmente o senador Humberto Costa (PT) e o governador Paulo Câmara (PSB), o ex-presidente Lula (PT) chega ao Recife neste domingo (15). O petista deve encontrar autoridades locais, lideranças partidárias que atuam no Congresso Nacional e deve ter momento com movimentos populares. Pernambuco é um estado crucial para o PSB, partido que é prioridade para Lula ter na aliança da campanha presidencial de 2022. O governador pernambucano é vice-presidente nacional da sigla.

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Lula deve chegar ao Recife no fim da tarde ou início da noite do domingo (15). Está previsto um jantar no Palácio do Campo das Princesas, com o governador Paulo Câmara (PSB) e outras lideranças locais. É provável que o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e o ex-prefeito e hoje secretário de governo Geraldo Júlio (PSB) participem do encontro – apesar de ambos terem dado declarações recentes dando a entender que preferem uma aliança com o PDT de Ciro Gomes. No Recife, a vice de João Campos é Isabella de Roldão (PDT), enquanto o PT abriga sua prima e opositora, Marília Arraes (PT).

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Em agosto de 2017, quando passou pelo Recife, Lula jantou na residência da família Campos, no bairro de Dois Irmãos, com Renata Campos e os filhos. Na ocasião, João Campos era chefe de gabinete do governador. Lula é tido como um dos “padrinhos” políticos do ex-governador Eduardo Campos, falecido em 2014. Ainda na visita de 2017, parte da “Caravana Lula pelo Brasil”, o petista foi ao museu Cais do Sertão, se reuniu com profissionais que atuaram no Programa Mais Médicos e com artistas locais, além de ter ido ao bairro de Brasília Teimosa (primeiro local que visitou como presidente da República, em janeiro de 2003).

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A última visita de Lula à capital pernambucana foi em novembro de 2019, para o “Festival Lula Livre”, menos de uma semana após deixar a prisão (posteriormente considerada ilegal, assim como as condenações, anuladas devido a atuação suspeita do ex-juiz Sérgio Moro). O festival permitiu o encontro de Lula com dezenas de músicos e com milhares de pernambucanos que lotaram o Pátio do Carmo. Mas a visita atual deve ser mais direcionada a costuras políticas, conversas a portas fechadas, sem aglomerações.

Costuras políticas para 2022

O foco principal é o PSB. Além do governador Paulo Câmara, do pré-candidato ao governo Geraldo Júlio e do prefeito João Campos, podem estar presentes figuras importantes do partido no estado, como o dirigente Sileno Guedes, os deputados federais Danilo Cabral e Milton Coelho e mesmo lideranças locais, como o deputado estadual e ex-petista, Isaltino Nascimento (PSB), líder do governo na Assembleia Legislativa.


O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, é vice-presidente nacional do PSB / Divulgação

O PSB é o segundo maior partido do campo da centro-esquerda no País, atrás apenas do PT. Os socialistas têm três governadores (PE, Maranhão e Espírito Santo), 254 prefeitos e 31 deputados federais. Na eleição presidencial de 2018, apesar de Paulo Câmara ter apoiado a candidatura de Fernando Haddad (PT), o partido não formalizou aliança com nenhum candidato presidencial, não cedendo seu tempo de TV. Lula quer algo mais firme desta vez.

É possível que a vice-governadora Luciana Santos (PCdoB) também esteja no jantar. Ela é presidenta nacional dos comunistas e nos últimos anos tem aparado as arestas entre seus dois aliados (PT e do PSB) sempre que a relação entre eles azeda. Outra possível presença é a do deputado federal André de Paula (PSD). Ele é cotado como candidato ao Senado na chapa majoritária estadual de 2022, além de ser presidente estadual do PSD, partido que tem flertado com Lula para a eleição presidencial.

Também é dado como certo que Lula se reúna com lideranças de partidos que hoje compõem a base de Bolsonaro no Congresso, como o PP, o Republicanos e o Podemos. As lideranças locais, inclusive, também votam alinhadas com Bolsonaro na maioria das pautas, caso de Ricardo Teobaldo (Podemos), Eduardo da Fonte (PP) e Silvio Costa Filho (Republicanos). O petista trabalha para ter algumas dessas siglas em sua aliança presidencial.

Bolsonaro enfrenta rejeição em Pernambuco

Ainda que não consiga o apoio formalizado em 2022, Lula tem um nome muito forte em Pernambuco, enquanto Bolsonaro enfrenta rejeição, de modo que para esses deputados que dependem dos votos de Pernambuco, é melhor estarem associados à candidatura de Lula do que a de Bolsonaro. Nesse sentido, eles podem optar por uma aliança local na chapa do PSB, que deve apoiar a postulação presidencial de Lula. Esse é um caminho para que eles façam uma campanha desvinculada de Bolsonaro, apesar de nacionalmente o partido estar vinculado ao atual presidente.

Lula também deve encontrar lideranças locais do PT e do PSOL, além de ter um momento com movimentos populares. Está agendada uma visita ao Assentamento Che Guevara, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no município de Moreno, região metropolitana do Recife. O MST deve apresentar a Campanha Mãos Solidárias, que distribuiu gratuitamente toneladas de alimentos crus e marmitas prontas, em parceria com ONGs, sindicatos e a Igreja Católica, para a população em situação de rua e comunidades vulneráveis na capital pernambucana.

O ex-mandatário também gostaria de visitar o Complexo Industrial e Portuário de Suape, que recebeu muito investimento federal durante seu governo. A intenção é ir especificamente ao Estaleiro Atlântico Sul, mas a visita pode ser inviabilizada por questões burocráticas da empresa privada.

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga