A professora de Cultura, Pâmela Silva Souza, de 27 anos, levou um susto, na última sexta-feira (30), ao saber que o seu CPF já estava no registro da Prefeitura de Santo André (SP) de pessoas vacinadas contra a covid-19.
Sua faixa etária começou a ser imunizada somente na última sexta-feira (30). O registro com seu CPF, no entanto, data do dia 11 de fevereiro de 2021, às 22h45, no Centro de Vacinação Contra a Covid-19.
Registro dos agendamentos já realizados / Arquivo pessoal
O sistema também mostra que o CPF foi utilizado para vacinar um profissional da saúde. Souza, entretanto, não é profissional da saúde, nunca esteve no Centro de Vacinação, muito menos no dia e hora assinalados no sistema.
Leia também: Programa Bem Viver debate riscos de afrouxar medidas de proteção contra covid-19
O mesmo ocorreu com seu irmão, de 25 anos. O CPF foi registrado no mesmo dia, às 2h45 da manhã, na Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André (CRAISA). Seu irmão também nunca compareceu ao local e também não é profissional da saúde, como consta no sistema.
Registro dos agendamentos já realizados / Arquivo pessoal
“Entrei no site de agendamento da Prefeitura e aí não consegui para a minha faixa etária e comecei a fuçar. Quando coloquei o meu CPF nos agendamentos já realizados, apareceu que o meu CPF já tinha sido vacinado no dia 11 de fevereiro de 2021, como profissional da saúde”, afirma Souza.
“O horário também foi muito estranho, porque aparecia que eu fui vacinada às 22h45. Nesse horário, nem está aberto aqui. Nunca sequer pisei naquele lugar. E ele [seu irmão] também nunca sequer pisou na Craisa.”
Leia também: Falácia do tratamento precoce indigna grande parte da classe médica
Ao comentar sua situação nas postagens do prefeito Paulo Serra (PSDB) no Instagram, a mesma foi orientada a mandar um e-mail para [email protected], informando nome, CPF, data de nascimento, número do cartão SUS, endereço e telefone para contato. Souza mandou três e-mails, nenhum foi respondido.
Ela se deslocou até um dos locais de vacinação, no Atrium Shopping. Lá, o responsável pela imunização cancelou o registro de fevereiro de 2021 e vacinou Souza. No entanto, no sistema ainda constam os dados anteriores. “Agora aparece mesma data, local e hora [de antes], mas com a vacina que tomei [CoronaVac]. Essa dose da Fiocruz não tenho ideia de quem tomou”, afirma.
Se continuar como está, a professora de Cultura tem medo de ter dificuldades para tomar a segunda dose. Ela também registrou um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil do Estado de São Paulo.
Aproveitando o comentário de Souza na página do prefeito de Santo André, outras três pessoas também se manifestaram relatando a mesma situação. Uma delas é a nutricionista Elaine Rodrigues de Lima, de 29 anos. Seu CPF aparece como “vacinado” no dia 12 de fevereiro, às 20h15, com o imunizante da AstraZeneca.
Registro dos agendamentos já realizados / Arquivo pessoal
Nesta segunda-feira (2), Lima se deslocou até uma unidade de vacinação. "Aí puxaram o meu CPF, e apareceu o nome da minha mãe como sendo vacinada com o meu CPF no dia 12 de fevereiro. Não sei como, até porque minha mãe se vacinou em junho", afirma Lima.
Agora, ela precisa esperar a repescagem da vacinação da população de 29 anos para realizar o agendamento. Lima está há cinco dias sem tomar a vacina para a covid-19 que já poderia ter tomado.
O Brasil de Fato entrou em contato com a Prefeitura de Santo André para saber o que houve. Em nota, a gestão afirmou que "o caso já foi apurado e constatado que ninguém se vacinou no lugar dessas pessoas. No período oportuno, elas poderão se cadastrar normalmente para receber a segunda dose e completar o esquema vacinal".
Edição: Leandro Melito
