Reforma ministerial

Bolsonaro nomeou 14 filiados a partidos do centrão para comandar ministérios em 2 anos e meio

Dos 23 ministérios, apenas sete ficaram preservados das nomeações ligadas a legendas do campo fisiológico do Congresso

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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O presidente Jair Bolsonaro mantém nove integrantes de partidos do centrão como chefes na Esplanada dos Ministérios - Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro já nomeou ministros de Estado 14 integrantes de partidos políticos ligados ao centrão desde o início de seu mandato. O número equivale a mais da metade das 23 pastas que existem em seu governo. Atualmente, são nove ministros filiados a siglas que compõem o grupo.

Os números fazem parte de levantamento feito pelo Brasil de Fato a partir de documentos públicos. Os dados apontam ainda que o governo chegou ao seu 52º ministro em pouco mais de dois ano e meio.

Dos 23 ministérios, apenas 7 ficaram preservados das nomeações ligadas a partidos do centrão (Educação, Relações Exteriores, Defesa, Economia, Controladoria-Geral da União, Advocacia-Geral da União e Infraestrutura). Todas as outras pastas já estiveram nas mãos das siglas.

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O Ministério da Cidadania, por exemplo, já foi ocupada por três políticos com mandato de deputado federal: Osmar Terra (MDB-RS), Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e João Roma (DEM-BA). O órgão é responsável por políticas sociais e pelo auxílio emergencial.

A pesquisa aponta ainda que até mesmo nomes teoricamente ligados à "ala ideológica" ou aos militares também são filiados a partidos do grupo, como a ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves (que é do PP), o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes (PSL), e o general Augusto Heleno (Patriota), que chefia o Gabinete de Segurança Institucional.

No campo de busca, existe a opção de digitar o nome dos ministros, partidos ou pastas. A data da posse de cada um dos chefes do ministérios foi checada no Diário Oficial da União. A filiação aos partidos foi verificada nos registros do Tribunal Superior Eleitoral.

A estatística contraria uma das principais promessas da campanha presidencial de Bolsonaro. Durante o pleito, o então candidato afirmava que nomearia um ministério "técnico" e que não ficaria refém do centrão, agrupamento de partidos fisiológicos no Congresso Nacional.

Cada vez mais, porém, o chefe do Executivo se distancia do discurso. Na última quinta-feira (22), Bolsonaro chegou até a afirmar que integra o Centrão, em entrevista a uma rádio, após ter sido questionado sobre o convite ao senador Ciro Nogueira (PP-PI) para que o congressista assuma a Casa Civil.

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Ciro Nogueira é presidente do PP, um dos partidos do Centrão. Atualmente sem partido, Bolsonaro já foi filiado ao PP.

"Eu sou do centrão. Eu fui do PP metade do meu tempo. Fui do PTB, fui do então PFL. No passado, integrei siglas que foram extintas, como PRB, PTB. O PP, lá atrás, foi extinto, depois renasceu novamente", declarou o presidente.

A chegada do cacique do PP na Casa Civil é simbólica. Trata-se do primeiro civil a comandar a pasta na gestão Bolsonaro. Ele substitui o general Luiz Eduardo Ramos, que foi realocado para a Secretaria Geral da Presidência, onde antes estava Onyx Lorenzoni.

Por fim, Onyx ficará à frente do novo Ministério do Emprego e da Previdência Social, desmembramento do Ministério da Economia. Na cerimônia de oficialização, Bolsonaro disse: “Vimos que era necessário cada vez mais buscar o apoio do parlamento. Fomos nos moldando”.

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Edição: Vinícius Segalla