A Justiça Eleitoral do Peru confirmou neste fim de semana a rejeição do pedido de anulação de votos feito por Keiko Fujimori (Força Popular), o que na prática buscava impedir a confirmação da vitória do professor Pedro Castillo (Peru Livre) no 2o turno realizado em 6 de junho.
Ainda na noite de sábado, La República noticiava que o 11º Juízado de Lima declarou improcedente o recuso de amparo apresentado por Yeni Vilcatoma, ex-congressista ligada ao partido de Fujimori, para anular as eleições gerais de 2021 e impedir que a Justiça Eleitoral proclamasse Pedro Castillo vitorioso.
A informação tinha origem na conta de twitter de Ronald Gamarra, integrante da equipe legal de Castillo. No tweet, dizia, "não ganham uma... porque não tem razão".
A decisão afirma que não havia provas suficientes para sustentar alegações de fraude feitas pelo grupo de Fujimori, rejeitando a anulação dos votos recebidos por Castillo, especialmente em zonas rurais onde conseguiu a maior vantagem sobre sua adversária. A margem de vitória do candidato do Peru Livre foi de 44 mil votos sobre Fujimori.
A decisão, desse modo, mais de um mês após a divulgação dos resultados que davam a vitória a Castillo, abre caminho para que o líder do Peru Livre assuma a presidência do país no próximo dia 28 de julho.
Ainda na sexta (16) advogados fujimoristas apresentaram novas acusações em relação a um grupo de atas com alegados erros de contagem. No entanto, pela quantidade insuficiente de votos para afetar a vitória de Castillo e a partir da decisão anunciada no fim da noite de sábado (17), dificilmente o quadro pode ser revertido.
Na verdade, o Ministério Público peruano abriu investigação contra Keiko Fujimori por falsas denúncias de fraude eleitoral, com possíveis delitos contra o direito ao voto e por falsa declaração.
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Manifestações nas ruas
A demora na decisão sobre o resultado da eleição de junho teve movimentos de pressão de fujimoristas. O mais recente e violento deles foi um protesto em frente ao Palácio do Governo, atualmente ocupado por Francisco Sagasti, no dia 15. A alegação é que o atual presidente estaria simpático a Castillo, um discurso incentivado por Fujimori.
Uma parte dos protestantes, especialmente ligado a um grupo de extrema-direita chamado "La Insurgencia", fez um quebra-quebra em lojas próximas ao centro de governo e atacou jornalistas que cobriam a manifestação. Alguns vestiam jaquetas com o lema "Deus, Pátria, Família" escrito nas costas.
Do lado do campo de Castillo, como resposta, milhares de manifestantes fizeram uma vigília pacífica como forma de pressionar a Justiça por uma decisão que legitimasse a decisão do voto de junho e a proclamação de Castillo como presidente eleito. Por ora, a vitória está com o lado do presidente eleito pelo voto.
Com informações do Pagina12
Edição: Arturo Hartmann