O Exército de Israel bombardeou e destruiu neste sábado (15) um prédio de 12 andares localizado em Gaza que abrigava escritórios da emissora catari Al Jazeera, da agência norte-americana Associated Press e outros veículos de comunicação, além de apartamentos residenciais.
O ataque faz parte das hostilidades conduzidas pelo governo israelenses contra a Faixa de Gaza que já entram no 6º dia consecutivo e já deixaram 140 palestinos mortos, incluindo 39 crianças, segundo o Ministério da Saúde da região.
A repórter da Al Jazeera Safwat al-Kahlout, que está em Gaza, se disse chocada com o bombardeio e afirmou que levou dois segundos para que o prédio desabasse.
"Eu trabalho aqui há 11 anos. Cobri muitos eventos desse prédio, nós vivemos muitas experiências profissionais e agora, em dois segundos, tudo desapareceu", disse.
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Segundo a correspondente, todos os seus colegas, "apesar da tristeza, não pararam um segundo". "Estamos buscando alternativas para manter a Al Jazeera funcionando".
Harry Fawcett, outro repórter da emissora que está na região, afirmou que o ataque "é um momento muito pessoal para todos nós".
A agência AP, por sua vez, disse que o dono do prédio teria recebido "um aviso" por parte dos militares israelenses de que o lugar seria bombardeado. Entretanto, ainda de acordo com o veículo, "não houve explicação imediata do motivo do ataque".
Pelo Twitter, a produtora da Al Jazeera Linah Alsaafin publicou um vídeo do momento da destruição do edifício e criticou o bombardeio, afirmando que "isso é o direito de Israel se defender".
🚨 Al Jalaa Building in Gaza City destroyed 🚨
— لينة (@LinahAlsaafin) May 15, 2021
Watch the moment the building that houses Al Jazeera and several other international media agencies is flattened after Israeli warplanes target it with multiple missiles.
Again, this is Israel’s “right to defend itself”. pic.twitter.com/gqdsi9NqQg
Ataque mais mortal de Israel
Antes do bombardeio contra o edifício, um ataque das forças israelenses havia atingido um campo de refugiados em Gaza que, segundo a AP, foi a ação que deixou o maior número de pessoas mortas de uma só vez desde o início das hostilidades: 10 palestinos morreram, sendo oito crianças e duas mulheres.
O Hamas, por sua vez, voltou a responder as ações com o lançamento de foguetes contra Israel. Neste sábado, um ataque atingiu a cidade de Ramat Gan, próximo a Tel Aviv, que deixou duas pessoas mortas.
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Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 140 palestinos já morreram desde o início dos bombardeios israelenses e outras 950 ficaram feridas.
10 mil palestinos abandonaram suas casas
A Organização das Nações Unidas (ONU) disse nesta sexta-feira (14) que cerca de 10 mil palestinos foram forçados a abandonar suas casas em Gaza por conta dos ataques de Israel.
Em comunicado, o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas afirmou que mais de 200 casas e 24 escolas foram destruídas ou danificadas na região durante os dias de ataques de Israel.
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A ONU ainda alertou para uma possível limitação do acesso dos moradores à água potável e alimentos, já que redes de energias, tubulação e fontes de alimentação estão sendo cortadas como resultado das ações militares.
A coordenadora da ONU na Palestina, Lynn Hastings, destacou a "crescente crise humanitária em Gaza" e pediu que autoridades não privem a população local de auxílio.