Os últimos dias de Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, têm sido marcados pelo aumento da violência entre israelenses e palestinos em Jerusalém e na Faixa de Gaza.
Depois de ataques incendiários de colonos judeus de extrema-direita contra terras agrícolas de palestinos na Cisjordânia, entre os dias 3 e 4, os confrontos se acirraram no último final de semana.
Muçulmanos celebraram o Dia de Al-Quds (em português, Jerusalém) na sexta (7), enquanto os israelenses comemoraram nesta segunda (10). Entre uma data e outra, houve conflitos com mais de 500 feridos na cidade, considerada sagrada para judeus, muçulmanos e católicos.
O principal palco da violência foi a chamada Cidade Velha, no entorno da mesquita de Al-Aqsa, conhecida pelos muçulmanos como Santuário Nobre e pelos judeus como Monte do Templo. Milhares de palestinos se reuniam no local, o terceiro mais sagrado do Islã, para a última oração antes do fim do Ramadã.
Judeus atacaram uma sala de oração. Forças de segurança locais tentaram intervir com granadas. Do outro lado, os muçulmanos atiravam pedras contra a polícia. A maioria dos feridos, 305, são palestinos.
As tensões aumentaram depois que Israel confirmou que manterá o despejo de 38 famílias palestinas no bairro Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental. A cidade é reivindicada como a futura capital da Palestina.
Israel rejeita essa divisão e considera que Jerusalém seja reconhecida como o Estado judaico.
Em resposta, no domingo (9), o Al-Qassam, braço militar do grupo islâmico Hamas, disparou pelo menos quatro foguetes contra Israel, ferindo um militar. A reação israelense foi um ataque com tanques de guerra contra a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas.
Vinte palestinos foram mortos até o momento, incluindo nove crianças. Não há informações de baixas entre os israelenses.
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As Nações Unidas, os Estados Unidos, a União Europeia e a Rússia condenaram a violência contra muçulmanos ocorrida em Al-Aqsa e exigiram que Israel suspenda os despejos em Sheikh Jarrah.
O Ramadã termina na próxima sexta (14). No mesmo dia, completam-se 73 anos da criação do Estado de Israel, que modificou a geopolítica da região, provocando a expulsão e o assassinato dos antigos ocupantes. Desde então, ocorrem conflitos armados, que já mataram mais de 20 mil pessoas, a maioria do lado palestino.
Nessa guerra, Israel recebe o apoio militar principalmente dos Estados Unidos, da França e do Reino Unido. O chamado "Eixo da Resistência", que defende o reconhecimento da Palestina, abrange países como Turquia, Irã, Rússia e Síria e considera a ocupação israelense ilegal.
Edição: Vinícius Segalla