A Comissão Parlamentar de Investigação de Delitos de ex-deputados da Assembleia Nacional da Venezuela revelou parte das evidências que apontam movimentações milionárias de funcionários vinculados à estrutura de governo paralelo do autoproclamado Juan Guaidó.
Apesar de não possuir uma sede ou outra estrutura contundente, o opositor teria pedido US$ 53 milhões ao Departamento do Tesouro dos Estados Unidos para cobrir seu orçamento anual.
Dentro desse valor estariam incluídos os salários de US$4 mil a 33 magistrados que compõem o Tribunal Supremo de Justiça no “exílio” na Colômbia e outros US$ 7,2 milhões de fundo parlamentar aos ex-deputados que se negam reconhecer as eleições de 6 de dezembro de 2020 e o fim do seu período legislativo.
Segundo o presidente da comissão, deputado José Brito (Primeiro Venezuela), já teriam sido sacados cerca de US$ 30 bilhões (aproximadamente R$ 150 bilhões) somente das contas venezuelanas no CitiBank.
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O Procurador Geral da Venezuela, Reynaldo Muñoz ainda indica que, em ao menos três processos judiciais abertos contra a PDVSA e sua filial nos EUA, Citgo Petroleum, só são recebidos os representantes legais de Guaidó, que em todos os casos, incluindo a própria venda da Citgo, terminam fazendo um acordo favorável aos demandantes, desde que garantam uma comissão como parte da multa.
No último domingo (25), o presidente Nicolás Maduro denunciou que a inteligência militar venezuelana descobriu que a oposição planeja sacar mais US$ 150 milhões das contas no exterior, nas próximas semanas, como parte do seu financiamento.
Essas transações seriam possíveis porque cerca de 50 nações, incluído os Estados Unidos, Colômbia e Brasil, reconhecem Guaidó e seus aliados como autoridades legítimas venezuelanas.
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E a relação não é só com os governos, as investigações também apontam os vínculos desse setor da oposição venezuelana com organizações não governamentais e grupos irregulares.
A Comissão afirma que algumas ONGs ficariam com apenas 30% dos valores repassados como ajuda humanitária internacional, o restante seria desviado para personagens políticos.
Brito também apontou que a Monômeros, sede da empresa venezuelana Pequiven na Colômbia, teria contratos com representantes do grupo paramilitar Los Rastrojos para o fornecimento de produtos químicos para a produção de pasta de coca.
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Em fevereiro de 2019, também foram os Rastrojos que ajudaram Juan Guaidó a atravessar ilegalmente a fronteira entre Colômbia e Venezuela.
Embora a União Europeia já não reconheça mais Juan Guaidó como presidente encarregado, o Controlador Geral da Venezuela, Elvis Amoroso, indicou que o autoproclamado conseguiu desviar US$ 2 bilhões de ativos em bancos europeus para contas pessoais. Além disso, o Ministério Público tem 25 processos abertos contra o ex-deputado.
No momento atual, Guaidó está cada vez mais isolado. Outros setores da oposição de direita questionam a falta de transparência dos recursos do governo interino.
Enquanto convoca manifestações para exigir que o governo de Nicolás Maduro compre mais vacinas aos venezuelanos, Guaidó movimenta o equivalente para adquirir 3 bilhões de doses do imunizante russo, Sputnik V, para atender um “governo fantasma”.
Edição: Leandro Melito