O início do processo contra o bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) no Conselho de Ética na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (23), fez a oposição reforçar o coro pela cassação do parlamentar.
Ele está detido desde a última segunda (16) por ter veiculado um vídeo com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e defesa da ditadura militar.
Depois de ter tido a prisão confirmada pelos plenários da Corte e da Câmara, ele agora é alvo de uma representação movida pela Mesa Diretora da Casa no Conselho. O colegiado foi reativado na semana passada especialmente para dar andamento ao caso, que mobilizou os diferentes grupos políticos.
A deputada Fernanda Melchiona (PSOL-RS) destacou o histórico de Silveira, ressaltou que o parlamentar já fez outros discursos de caráter autoritário e quebrou placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, entre outras condutas.
“Quero lembrar que nós do PSOL fizemos uma representação junto com a Rede e com o PSB, em junho de 2020, quando este cidadão disse que iria dar tiros no peito de manifestantes antifascistas”, resgatou a deputada.
Melchiona considera que a eventual perda de mandato por parte do bolsonarista tende a contribuir para a derrota do autoritarismo no país, e ressalta que o caso não se trata de uma exceção.
“Não é um raio num céu azul. É uma política sistemática da extrema direita, e nós avançarmos e lutarmos pela cassação do Silveira é fundamental pra ser um marco que diga ‘fim’ e diga ‘basta de autoritarismo, de fascismo, de lunatismo’, completou a parlamentar.
Ao pedir celeridade para o processo, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) também disse que o Legislativo está diante de um “caso simbólico”. Na mesma linha, Paulo Guedes (PT-MG) defendeu que a Casa tome uma decisão diante da denúncia porque há “anseio da sociedade” em assistir a um desfecho dos diferentes processos que estão parados no colegiado.
“Não podemos admitir que casos como esse de parlamentares, de quem a gente espera um comportamento totalmente diferente, ao invés de defender a democracia, ir em praça pública e nas redes sociais se comportar dessa forma, pedindo fechamento do Congresso, do STF, ameaçando pessoas que participam de atos de protestos, enfim”.
O petista cobrou ainda o andamento do caso da deputada Flordelis (PSD-RJ), que nesta terça-feira (23) foi oficialmente afastada do cargo pela Justiça por ser acusada de matar o marido.
A parlamentar carioca também teve o processo disciplinar instaurado no Conselho nesta data. Paulo Guedes demandou ainda a necessidade de avaliação do caso de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Filho do presidente da República, ele é alvo de diferentes representações no colegiado.
Em duas delas, uma protocolada pela Rede e a outra assinada pelas siglas PT, PSOL e PCdoB, ele é alvo de questionamentos por ter feito alusão à ditadura militar durante entrevista concedida à jornalista Leda Nagle em outubro de 2019.
O filho de Jair Bolsonaro disse, na ocasião, que, se o país virasse palco de manifestações semelhantes às que eram registradas no Chile na época, o Brasil viveria cenário semelhante ao do final dos anos 1960, período que antecedeu o golpe militar.
Ele chegou a fazer referência a um “novo AI-5”, um dos principais instrumentos de perseguição do regime dos generais.
“Eduardo Bolsonaro foi um dos que encorajaram Daniel Silveira a fazer tamanha atrocidade, porque o que este fez também já foi feito pelo Eduardo em várias oportunidades”, lembrou o deputado Paulo Guedes na sessão do Conselho desta terça.
Edição: Leandro Melito