Indecisão

Eleições no Equador: Por recontagem de votos, Lasso e Pérez entram em embate direto

Decisão deve ser tomada por Conselho Eleitoral ainda nesta segunda (15); segundo turno está previsto para 11 de abril

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Guillermo Lasso ultrapassou, na última quarta-feira (10), Yaku Pérez na contagem de votos - AFP

A indefinição de quem irá disputar o segundo turno das eleições presidenciais com o candidato progressista Andrés Arauz continua no Equador, e o conflito está colocado entre os candidatos que disputam a última vaga: Guillermo Lasso e Yaku Pérez. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou que irá divulgar, nesta segunda-feira (15), como será o processo de recontagem de votos em algumas províncias do país.

De acordo com dados do CNE, com 99,84% das urnas computadas, Arauz tem 32,71%, Guillermo Lasso possui 19,74% e Yaku Pérez está com 19,38%. 

A recontagem dos votos em algumas províncias foi solicitada por Pérez, que representa a organização de origem indígena Pachakutik e, mesmo que sem provas, denunciou fraude eleitoral após ser ultrapassado na contagem de votos pelo direitista Guillermo Lasso.

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Na sexta-feira (12), Pérez e Lasso tentaram celebrar um acordo de auditoria de parte das urnas, que ficou definido que seria feita recontagem em 100% das urnas de Guayas  – cuja capital é Guayaquil e possui um dos maiores eleitorados do país – e recontagem parcial de 50% nas atas de 16 províncias, entre elas Pichincha, onde está a capital Quito.

Para firmar o acordo, no domingo (14), Pérez ingressou no CNE com o pedido de recontagem. Contudo, Lasso voltou atrás na decisão e enviou uma carta, no mesmo dia, ao órgão eleitoral alegando que seria “uma perda de tempo” fazer a recontagem nas províncias em que Pérez o havia vencido, e que a auditoria deveria se restringir a apenas sete províncias, incluindo a de Guayas.

Além disso, o direitista solicitou que o CNE declarasse os resultados do primeiro turno e defendeu que qualquer acordo deveria incluir os 16 candidatos à presidência deste pleito.

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O CNE calcula que para fazer a recontagem em 17 províncias (uma em 100% e as demais em 50%) serão auditados 6 milhões de votos, que equivalem a 45% do padrão eleitoral, que é de 13,1 milhões. 

Para fazer a recontagem dos votos há um estreito período de tempo, já que no próximo dia 19 de março deverá iniciar a campanha eleitoral para o segundo turno, que está marcado para 11 de abril.

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Confronto direto nas redes sociais

Pelo Twitter, os candidatos que disputam a vaga para o segundo turno também trocaram declarações nesse domingo (14).

Primeiro, Yaku Pérez escreveu: “Senhor Lasso, o senhor não é o mesmo de 2017, porque durante os últimos 4 anos co-governou com o pior governo, o de [Lenín] Moreno. Por isso não tem nenhuma oportunidade de triunfar se chegar ao segundo turno”, fazendo referência à derrota que Lasso sofreu diante do atual presidente nas últimas eleições.

Pérez seguiu criticando o direitista por desviar a atenção da recontagem e denunciando uma suposta fraude: “Aquele que muito sabe, muito teme?”. 

E seguiu questionando: “Por que volta atrás para a recontagem de votos? Que fez o senhor e o CNE que não querem que saiba o Equador? Para o senhor a política é um jogo, para mim é a oportunidade de mudar a vida de milhões de equatorianos. Abrir as urnas é defender a democracia”.

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Em resposta, Lasso também fez uma série de publicações: “Senhor candidato @yakuperezg, para mim a política não é um jogo, é uma permanente atitude de serviço a todos os equatorianos sem discriminação alguma”. 

O direitista seguiu abordando o tema da recontagem de votos afirmando que é a autoridade eleitoral quem deve decidir sobre o tema e que não seria da competência de Pérez escolher quais meses seriam auditadas e quais não; citando ainda que não se pode admitir um método de coerção contra o órgão eleitoral.

E finalizou dizendo que não cairia em provocações do opositor, que defende a transparência e que não vai permitir tentativas de incitar o caos na democracia, sendo as últimas frases: “O povo já me escolheu e não a você. Respeite a vontade popular”.

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Edição: Vivian Fernandes