Saúde pública

Cuba inicia nova fase de testes de segunda vacina contra covid-19

Soberana 02 será aplicada a 900 cubanos entre 19 e 80 anos de idade, em centros de saúde pública da capital Havana

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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Cuba iniciou, na última segunda-feira (18), a nova etapa da fase 2 de testes da segunda vacina contra o novo coronavírus - José Correa / Granma

Cuba iniciou esta semana a fase II B de testes clínicos da Soberana 02, sua segunda vacina contra o vírus sars-cov2. O fármaco será aplicado a 900 voluntários entre 19 e 80 anos, residentes na capital Havana. Ao todo, quatro vacinas são desenvolvidas por laboratórios financiados pelo Estado cubano (Soberana 01, Soberana 02, Mambisa e Abdala).

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A Soberana 02 tem duas combinações distintas que estão sendo testadas, ambas baseadas na proteína RBD (receptor-binding domain/domínio de união ao receptor), aliada a um toxoide tetânico. Os cientistas cubanos usaram uma vacina desenvolvida em 2004 contra o vírus Influenza como base para criar a Soberana 02.

Os voluntários receberão duas doses do medicamento, com intervalo de 28 dias, administradas de maneira aleatória, para poder verificar a reação dos pacientes que receberam a medicação e daqueles que receberam placebo. Na fase I, a vacina foi aplicada em 40 pessoas e na fase II A a 100 pacientes, todos com a mesma faixa etária de 19 a 80 anos. 

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"Hoje podemos ter certeza de que nossa candidata (à vacina) é muito segura. Os eventos adversos reportados são: dor leve no local da injeção durante as primeiras 24h, um pouco de mal estar e nada mais. Também não foram identificados efeitos sistêmicos, como febre alta ou hospitalização pela vacina", assegurou a epidemiologista cubana María Eugenia Toledo Romaní.


Todos os 900 voluntários são atendidos em duas policlínicas públicas, na região central de Havana, que foram adaptadas para os testes da vacina contra covid-19. / Abel Padrón / Cubadebate

Entre os 900 pacientes também foram escolhidas pessoas pertencentes a grupos de risco, com doenças crônicas controladas, como diabetes, obesidade, entre outros. Todos passaram por exames prévios e pela avaliação de uma comissão médica. Os pacientes são avaliados a cada 24h pelos profissionais de saúde. Os pesquisadores asseguram que as pessoas que receberam placebo serão posteriormente vacinadas com a fórmula mais efetiva. 

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"Fazemos isso para ajudar todos os cubanos, todo mundo, a dar um passo à frente para que no final saia uma vacina que possa ser aplicada a todos e acabe com esse bichinho", comentou uma das voluntárias aos testes da Soberana 02, Natacha Barrera Fontané 

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Se esta etapa for bem sucedida, ainda haverá uma terceira fase de testes clínicos com ensaios em uma população de 150 mil pessoas residentes em zonas de alto risco. Os testes com este fármaco começaram no dia 22 de dezembro, por isso a expectativa é de que os ensaios finalizem ainda no primeiro trimestre de 2021.


A primeira vacina cubana contra coronavírus, que entrou em fase final de testes, foi batizada de "Soberana 01" / Cubadebate

O Instituto Finlay de Vacinas também criou a Soberana 01, que já está sendo testada em outros países, e foi a primeira vacina produzida por um país latino-americano a iniciar provas clínicas, ainda em agosto do ano passado. O princípio ativo da Soberana 01 e 02 é o mesmo da Coronavac, que está sendo aplicada no Brasil

"Isto demonstra as capacidades criadas em nosso país. No entanto, capacidades podem ser vistas em outros países, aqui há coisas distintas, que somam mais, que é o sentimento e o compromisso com o que se faz", afirmou o presidente cubano Miguel Díaz Canel ao visitar o centro e conhecer a equipe de pesquisadores, composta majoritariamente por mulheres.

Paralelamente, o Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia produz a Mambisa e Abdala, outros dois fármacos para combater o novo coronavírus. A Mambisa seria o primeiro medicamento contra a covid-19 com aplicação nasal.


O desdobramento da segunda fase de testes da Soberana 02 acontecerá em regiões com maior incidência do vírus na capital Havana. / Abel Padrón / Cubadebate

Cooperação internacional 

Cuba e Irã assinaram um acordo, no dia 8 de janeiro, para que a Soberana 02 também seja testada por laboratórios iranianos. Por conta da baixa incidência do vírus em Cuba, os ensaios clínicos em países mais afetados pela pandemia são fundamentais para identificar o comportamento da fórmula vacinal em distintas cepas do vírus. 

A ilha caribenha registrou até o momento 18.443 casos, sendo que apenas 4.439 permanecem ativos e 173 pessoas faleceram por conta do vírus - mantendo a menor taxa de mortalidade da região. Já o Irã possui 1,34 milhão de infectados, com mais de 90% de taxa de recuperação, e 56.886 mortes pela covid-19.

Cuba também irá formar uma banco de vacinas junto à Venezuela para abastecer os países da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba-TCP). 

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A biomedicina cubana também desenvolveu o Interferon Alfa 2B, com 80% de eficácia no tratamento de pacientes em estado moderado da doença. O fármaco foi utilizado em mais de 20 países.

Além disso, desde o início da pandemia, Cuba enviou milhares de profissionais de saúde a 53 nações através da Brigada Henry Reeve

Edição: Rogério Jordão