A eficácia geral da vacina CoronaVac, contra covid-19, é de 50,38%. Isso significa que, a cada duas pessoas vacinadas, uma não será contaminada de forma alguma pela doença. Além disso, entre as que ainda forem infectadas, 78% vão desenvolver apenas sintomas muito leves, que não vão precisar de qualquer atendimento hospitalar. Finalmente, nenhum do vacinados no estudo do Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, desenvolveu as formas graves da doença, nem necessitou de internação e, consequentemente, nenhum deles morreu. Os dados foram apresentados nesta terça-feira (12), em coletiva de imprensa.
A eficácia geral da CoronaVac é semelhante à de vacinas como a utilizada contra o vírus Influenza, da gripe, ou contra a tuberculose. Na primeira, a eficácia média fica entre 60% e 70%, mas em alguns anos cai abaixo de 50%. No caso da tuberculose, a eficácia da vacina fica em torno de 60%. Mas, nos dois casos, o mais relevante é a capacidade de ambas de evitar as formas graves dessas doenças, que podem levar à internação hospitalar e à morte. Esse é o principal efeito esperado da vacina contra a covid-19.
“Temos uma vacina aguardando para ser usada, em um país onde morrem mil pessoas por dia”, disse o diretor-presidente do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, cobrando celeridade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na liberação do uso emergencial da vacina CoronaVac. Segundo Dimas, todos os dados solicitados pela Anvisa estão sendo apresentados, e o processo de análise está em andamento.
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Análise sobre a CoronaVac
Para a microbióloga Natália Pasternak, presidenta do Instituto Questão de Ciência, o resultado “é animador” e vai iniciar o processo para o país sair da pandemia. “Temos uma boa vacina. Não a melhor vacina do mundo, mas uma boa vacina. Não há justificativa nenhuma para não usar uma vacina que é segura, é eficaz, é adequada para o nosso país, pode reduzir a gravidade dos casos e, consequentemente, as mortes”, afirmou Natália, também cobrando que a Anvisa não atrase a liberação do imunizante.
A fase 3 dos testes da vacina CoronaVac foi aplicada somente em médicos e outros profissionais de saúde na linha de frente do atendimento de pacientes hospitalizados com covid-19. Segundo o diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan, Ricardo Palácios, a forma do estudo permitiu testar a vacina contra a covid-19 no ambiente mais difícil possível, com pacientes altamente expostos e ambientes com altas cargas virais. Segundo ele, isso foi determinante para derrubar o índice de eficácia geral do imunizante.
“Selecionamos o grupo populacional mais exposto para colocar a barra de teste ‘lá em cima’. Se ela passasse nesse teste, teria um resultado ainda melhor na comunidade”, defendeu. Segundo Palácios, os pesquisadores esperam que a eficácia a ser medida durante o uso emergencial seja maior do que a encontrada no estudo de fase 3. “É uma vacina que conseguirá controlar a pandemia, porque consegue reduzir a gravidade dos sintomas clínicos”, completou.
Comunicação
Nas redes sociais, o especialista em epidemiologia Márcio Sommer Bittencourt comemorou os resultados apresentados hoje. “Resumo, você tem 50% menos chance de pegar covid-19 e uma redução de quase 80% em casos que precisam de médico, talvez mais que isso nos mais graves. Dos vacinados, aí sim, a maioria só teve uma gripinha que não precisa de médico. Para uma vacina desenvolvida em um ano, que pode ser produzida em larga escala localmente, distribuída facilmente sem problemas, acho um espetáculo”, considerou.
** NOTA URGENTE**
— Marcio S Bittencourt (@MBittencourtMD) January 12, 2021
Vamos arrumar o que a brilhante comunicação do governo de SP esta estragando.
OS RESULTADOS DA CORONAVAC SÃO MUITO BONS!
Eles tem impactos na estratégia de uso, eles tem limitações, mas eles são bons mesmo. Muito melhores que a pataquada da comunicação oficial
Efeitos adversos
Por outro lado, o resultado de 100% de eficácia contra casos graves foi extraído de uma situação pouco significativa, já que apenas sete voluntários que tomaram placebo tiveram a forma grave da doença. O número é considerado muito pequeno para que se possa afirmar que nenhuma pessoa vai mesmo ter a forma grave da doença ao receber a vacina. Palácios disse que esse dado ainda vai ser melhor apurado com a continuidade dos estudos.
Nenhum evento adverso grave foi registrado durante o estudo da vacina Coronavac. As reações adversas mais comuns foram dor no local da injeção, dor de cabeça e fadiga. Nenhum voluntário necessitou atendimento médico para esses sintomas. Reações alérgicas foram registradas em 0,3% de todos os participantes do estudo, mas em igual número entre quem recebeu a vacina e quem recebeu placebo.
Além disso, novos testes serão realizados para determinar a eficácia específica em crianças, adolescentes, portadores de doenças crônicas, idosos maiores de 60 anos e mulheres grávidas. Bem como a continuidade da análise de eficácia quando a vacina for aplicada em larga escala.