O comandante nacional da polícia boliviana, Jhonny Aguilera confirmou, na última terça-feira (17), a fuga dos ex-ministros de defesa, Luis Fernando López, e de governo, Arturo Murillo, ao Brasil e ao Panamá. A fuga de Murillo foi noticiada com exclusividade pelo Brasil de Fato em 12 de novembro.
Ambos têm uma ordem de prisão emitida pelo Ministério Público boliviano por uma compra superfaturada de gás lacrimogêneo, efetuada em junho de 2019. A operação custou cerca de US$ 2 milhões (aproximadamente R$10 milhões) acima do valor do mercado.
O MP também solicitou à Interpol ativação da alerta azul para poder localizar os dois ex-funcionários.
Segundo declarações do chefe da polícia, os dois ex-ministros do governo interino de Jeanine Áñez voaram até a cidade de Puerto Suárez, na fronteira com o Brasil, em um avião da Força Aérea Boliviana do estado de Santa Cruz.
Ambos entraram no Brasil por Corumbá, Mato Grosso do Sul, no dia 5 de novembro. Quatro dias depois, Murillo viajou até a cidade de Guarulhos, onde embarcou em um voo para a Cidade do Panamá.
Já Luis Fernando López, ex-ministro de Defesa, permanece em território brasileiro, segundo alerta das autoridades bolivianas.
"Temos convicção de que o serviço imigratório do Brasil poderia ter certificado à Direção de Inteligência o ingresso do ex-ministro de Governo, Arturo Murillo e de Luis Fernado López, ex-ministro de Defesa", assegurou o comandante da polícia boliviana.
Esta não seria a primeira vez que as autoridades brasileiras teriam cooperado com representantes do governo golpista da Bolívia. Investigações apontam que logo após o golpe de Estado contra o ex-presidente Evo Morales, em outubro de 2019, a autoproclamada presidenta Jeanine Áñez visitou o Brasil.
Além disso, Evo Morales denunciou que o embaixador brasileiro em La Paz, Otavio Côrtes, reuniu-se horas depois de sua renúncia com os líderes do golpe Carlos Mesa e Fernando Camacho, e com o embaixador da União Europeia, León de la Torre Krais, quando foi definido que a então senadora Jeanine Áñez ocuparia a presidência.
O Palácio do Itamaraty afirma que o assunto é de competência da Polícia Federal, que se nega a fornecer os dados. O Brasil de Fato entrou com pedido através do Portal de Acesso à Informação.
Johnny Aguilera assumiu o comando da polícia na última segunda-feira (16), nomeado pelo presidente Luis Arce, e se comprometeu a realizar uma ampla operação de captura dos dois fugitivos da justiça.
Edição: Rogério Jordão