O Ministério Público da Bolívia emitiu mandados de prisão contra Arturo Murillo e Fernando López, que foram ministros de Governo e da Defesa, respectivamente, durante o governo autoproclamado chefiado por Jeanine Áñez.
Os mandados de prisão contra ex-funcionários do governo interino estão relacionados a um suposto superfaturamento na compra de materiais de repressão "não letais" do Brasil. A ordem de prisão foi emitida no dia 5 de novembro, mas só veio a público nessa segunda (16).
O caso foi aberto após uma denúncia de sete deputados do Movimento ao Socialismo (MAS). Segundo o jornal El Deber, em 19 de dezembro de 2019, o então ministro da Defesa assinou contrato com a empresa Bravo Tactical Solutions LLC, com sede nos Estados Unidos, no valor de 250 a 270 bolivianos (entre 36 e 39 dólares) para cada cartucho de gás lacrimogêneo, dependendo do seu modelo.
A compra poderia ter sido feita de maneira direta, mas as então autoridades bolivianas preferiram usar uma empresa brasileira como intermediária.
Desta forma, segundo a denúncia, o Estado pagou 5,6 milhões de dólares por este tipo de arma, quantia considerada excessiva. O periódico boliviano diz que o prejuízo com a operação chega a 2 milhões de dólares.
Na semana passada, o Brasil de Fato noticiou que Murillo foi ao Panamá, via Brasil, no dia em que a ordem de prisão foi determinada.
Murillo teria atravessado a fronteira pela cidade boliviana de Puerto Suárez até chegar a Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Depois se dirigiu a São Paulo, onde embarcou para a Cidade do Panamá, na madrugada do dia 9. Segundo fontes do serviço imigratório brasileiro, a entrada foi registrada pela Polícia Federal.