RELAÇÃO BILATERAL

Chanceler do Irã visita Venezuela para reforçar cooperação contra bloqueio econômico

Mohammad Yavad Zarif destaca que Trump não pode evitar crise econômica interna e por isso desata o "terrorismo".

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Chanceler do Irã Yavad Zarif, vice-presidenta Delcy Rodríguez, ministro de Defesa Padrino López e ministro de Planejamento Ricardo Menéndez. - Juan Carlos Martínez / Prensa Presidencial

Nesta quinta-feira (5), o chanceler iraniano Mohammad Yavad Zarif realiza uma visita oficial a Caracas, capital venezuelana, onde se reuniu com o seu homólogo, Jorge Arreaza, a vice-presidenta, Delcy Rodríguez, e os ministros de Defesa, Vladimir Padrino López, e de Planejamento, Ricardo Menéndez. A visita busca fortalecer pactos de cooperação entre as duas nações bloqueadas pelos Estados Unidos. 

Durante o encontro, Zarif participou do evento "Venezuela e Irã: na defesa do mundo por ser criado", promovido pelo Instituto Samuel Robinson, think tank lançado há uma semana com apoio do Ministério de Relações Exteriores da Venezuela.

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Arreaza destacou que ambos os países seguirão fortalecendo suas relações bilaterais, que, neste momento, vivem sua melhor fase.

"Estamos no clímax das nossas relações. Na visão multipolar, de paz, de segurança. Esse mundo que a humanidade sonhou há 75 anos, em 1945, é o mundo que queremos criar", afirmou o chanceler venezuelano.

Já Zarif destacou a decadência do "império estadunidense" e também a importância de criação de um mundo multipolar.

"As coisas estão mudando, assumindo um caminho distinto, por isso eles nos atacam. Os Estados Unidos pensam que nunca podem perder, por isso são salvagens. Atacam a população de Irã e Venezuela de maneira salvagem, mas não podem enfrentar um vírus. Este é um processo que está mostrando que os EUA estão do lado errado da história, mas podem ajustar", destacou o ministro iraniano. 

Irã e Venezuela mantêm 70 anos de diplomacia. Assim como os venezuelanos, o povo iraniano sofre com um bloqueio econômico que já dura 30 anos e, recentemente, as hostilidades com Washington aumentaram.

No início da sua gestão, Donald Trump rompeu, de maneira unilateral, com o Acordo Nuclear de 2015, assinado junto à Rússia, Alemanha, Reino Unido e França. 

Já em janeiro deste ano, a Casa Branca ordenou o assassinato de Qasem Soleimani, general da Guarda Revolucionária Islâmica, tentando desatar um conflito com o país persa. O Irã respondeu com ataques de mísseis em bases militares estadunidenses no Iraque. 

Os Estados Unidos também tentaram impedir o envio de petróleo do Irã à Venezuela, com um operativo militar no Mar do Caribe, que, na prática, representou um bloqueio naval e ameaças. No entanto, os países conseguiram driblar o embargo.

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Além disso, o bloqueio impediu todas as transações de pagamentos relacionadas a hidrocarbonetos do Estado venezuelano durante todo o mês de setembro, segundo a consultora Aristimuño Herrera & Associados. A empresa também aponta, analisando dados da balança comercial do país, que no terceiro trimestre de 2020, cerca de 36% das importações venezuelanas foram de gasolina, diesel e outros combustíveis derivados do petróleo.

A explosão na refinaria de Amuay, que aconteceu na última semana e foi denunciada como um ato terrorista, é outro fato que demandará novas importações de peças de reparo – produtos que também são oferecidos pelos iranianos.

O chanceler venezuelano compara o momento atual de crise econômica e desabastecimento de combustível na Venezuela com o início dos anos 2000, quando o ex-presidente Hugo Chávez enviou petróleo venezuelano para apoiar o governo de Mahmud Ahmadineyad.

"Que nossas refinarias hoje estejam andando é devido à experiência do Irã", assegurou Arreaza.

Durante 2020, além do setor energético, os dois países também estabeleceram novos acordos comerciais, que permitiram a abertura do primeiro mercado iraniano em Caracas e a importação de tecnologia para o combate à covid-19, além da recuperação de alguns setores da economia do país latino-americano, como a agroindústria e a indústria petroleira.

Edição: Vivian Fernandes