Internacionalismo

Irã envia navio com alimentos e vai abrir supermercado em cooperação com a Venezuela

Decisão faz parte dos acordos bilaterais para driblar sanções dos EUA e prestar apoio mútuo no combate à pandemia

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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Navio Golsán saiu do porto de Bandar Abbas, no Irã, e aportou nesta quarta-feira em La Guaira, cerca de 30km da capital venezuelana - Hispantv

Nessa quarta-feira (24), chegou à costa venezuelana a embarcação Golsán com alimentos e outros produtos para abrir o primeiro supermercado iraniano em Caracas. O envio foi anunciado pela embaixada do país persa na Venezuela como "outro êxito das relações amistosas e fraternas entre os dois países".

O novo supermercado utilizará a estrutura de uma antiga loja dos Comitês Locais de Abastecimento e Produção (Clap), que vende produtos subsidiados produzidos ou distribuídos pelos Clap. Os alimentos serão vendidos a preços acessíveis aos consumidores venezuelanos, com o objetivo de combater a especulação de preços e a possível escassez de produtos durante a pandemia

Irã e Venezuela são duas nações bloqueadas pelos Estados Unidos, por isso, em abril, os presidentes Nicolás Maduro e Hassan Rohani firmaram acordo para criar uma frente comum contra as sanções aplicadas pelos EUA e a União Europeia.

O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã, Abbas Musavi declarou que o governo está disposto a enviar mais carregamentos, se Caracas necessitar.


Petroleiros venezuelanos recebem os cinco navios iranianos e celebram a solidariedade internacional. / Hispantv

Fruto dessa cooperação, em maio, aportaram nas costas venezuelanas cinco navios com 1,5 milhões de barris de combustível, peças de reposição e reagentes para reativar a indústria petroleira da Venezuela. Os Estados Unidos ameaçaram interceptar os barcos, mas advertências internacionais impediram a ação.

:: EUA ameaçam interceptar cinco navios petroleiros enviados pelo Irã à Venezuela :: 

No entanto, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, anunciou também nesta quarta que os capitães das cinco embarcações iranianas serão sancionados pelo Executivo estadunidense.

O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza condenou a medida. "Esta é outra prova do ódio dos falcões de Trump contra todos os venezuelanos, o que vai além das suas posições políticas. São mais elementos para a Corte Penal Internacional", assegurou o funcionário. 

A Venezuela denunciou os Estados Unidos na Corte Penal Internacional, em Haia, por crimes de lesa-humanidade. Segundo a ONG Sures, o bloqueio já provocou um prejuízo de cerca de 114 bilhões de dólares aos cofres públicos venezuelanos.

Edição: Rodrigo Chagas