ELEIÇÕES EUA

Apoio a Trump é menor em locais com mais vítimas fatais da covid-19, indica estudo

Pesquisa divulgada na revista Science mostra que atuação de republicano na pandemia compromete reeleição

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
A menos de uma semana da eleição, mais de 80 milhões de americanos já votaram - Foto: Jim Watson/AFP

Estudo divulgado na revista Science nesta sexta-feira (30) sinaliza que o apoio à reeleição do presidente Donald Trump tende a ser menor nas regiões que concentram o maior número de mortes em decorrência do novo coronavírus.

De acordo com a pesquisa, em condados onde o número de mortes por 100 mil habitantes dobraram em 30 dias, o eleitor tem 0,14% menos chance de aderir, em média, à campanha republicana. Nos estados, o índice chega a 0,37%. 

Para o Senado, os cientistas estimam que a probabilidade de um candidato do partido de Trump receber apoio é 0,28% menor nos condados e 0,79% nos estados com alta letalidade. Já em relação à Câmara, os indicadores atingem 0,22% e 0,58%, respectivamente. 

Para analisar a interferência da pandemia, os autores dos estudo cruzaram curvas epidemiológicas com a distribuição de casos, com dados populacionais e de intenção de voto.

As informações consideradas pela publicação foram coletadas até 29 de julho, quando o patamar de mortos era de 150 mil. 

Segundo monitoramento da Universidade Johns Hopkins, os Estados Unidos registravam 228.625 mortes e 8,94 milhões de casos até a noite desta quinta-feira (29). 

Em 24 horas, foram registrados 90 mil novos contágios, um novo recorde para o país mais afetado pela pandemia em nível global. 

:: Trump depende de um "evento espetacular" para virar contra Biden, avalia especialista :: 

A partir dos resultados, os cientistas responsáveis pelo estudo sugerem que as consequências da covid-19 podem ser decisivos em estados cuja escolha majoritária ainda está em disputa, como Florida, Arizona, Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.

Os autores do estudo afirma, ainda que que as taxas de letalidade da covid-19 são pelo menos tão importantes quanto o desempenho econômico local na hora de declarar apoio na eleição. 

Segundo monitoramento do US Elections Project, da Universidade da Flórida, mais de 80 milhões de pessoas já votaram antecipadamente.

Biden na Casa Branca

Desde o início da campanha eleitoral, o democrata Joe Biden aparece com vantagem sobre Trump. Atualmente, segundo o FiveThirtyEight, iniciativa que reúne o resultado das pesquisas de intenção de voto, Biden tem 8 pontos percentuais sobre o atual presidente.

No BdF Entrevista desta semana, Flávio Thales, professor do curso de Relações Internacionais da UFABC e da Pós-Graduação em Economia Política Mundial, afirma que para uma virada de Trump nesta reta final, “seria necessário um evento político extremamente negativo para os democratas”.

Mesmo as tentativas do republicano de acusar Biden e seu filho, Hunter Biden, de terem se beneficiado a partir de relações escusas com a Ucrânia, não decolaram. 

“A tendência é mesmo que o Trump não seja reeleito. Teria que ter um evento espetacular para fazer essa virada”, avalia o especialista.

Na opinião de Thales, como o voto não é obrigatório, manter o discurso ideológico direcionado à base trumpista e garantir que eles votem é uma das principais aposta do presidente americano. Isso porque, os mais jovens, tradicionalmente mais alinhados ao partido democrata, são também os que menos comparecem às urnas.

Confira a entrevista em vídeo:
 

Edição: Rodrigo Chagas