O Grupo de Puebla, organização formada por 30 líderes progressistas de 12 países da América Latina, pediu nesta quarta-feira (21) a renúncia de Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).
"O papel que [Luis Almagro] desempenhou na desestabilização democrática da Bolívia e as relações exclusivas que mantém com outros países da região impossibilitam que continue exercendo o papel de mediador e facilitador democrático que deveria desempenhar à frente de tão importante posição", diz a nota.
A organização afirma que, diante da vitória de Luis Arce, do Movimento ao Socialismo (MAS), nas eleições presidenciais da Bolívia, se confirmam "de forma confiável" os estudos que apontavam não ter ocorrido qualquer tipo de fraude no pleito que reelegeu Evo Morales, em outubro de 2019.
"Evo Morales deveria ter sido empossado como legítimo presidente da Bolívia se a OEA, na qualidade de observadora, não tivesse ignorado essas eleições", afirma a nota declarando que Arce venceu em seções eleitorais que a OEA indicava como "exemplos de fraudes em eleições anteriores".
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De acordo com Puebla, a liderança de Almagro está "seriamente questionada" na América Latina e sua saída "ajudará a restaurar a paz na região e reativar a integração regional que tem faltado em tempos de pandemia".
Celag
O Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica (Celag) também emitiu uma nota nesta quarta pedindo que a OEA reveja o papel de Almagro nas eleições bolivianas de 2019 e retire o secretário-geral do cargo.
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O pedido da Celag é baseado em uma análise realizada pelo centro que checou os resultados eleitorais de 2019 e 2020 em municípios bolivianos que foram apontados como "inconsistentes" pela OEA. O estudo indicou que tais números são "bem similares" ou, em muitos casos, "superiores" ao ano passado.
"A porcentagem média de apoio ao MAS em 2019 foi de 91,6%, enquanto que em 2020 foi ainda maior, com 97%", diz o comunicado.
A nota afirma que com esse estudo deixa "muitas dúvidas sobre a exatidão e pertinência do informe da OEA apresentado em 2019", que serviu como "base de anulação eleitoral". O centro pede que a organização analise os dados e, assim, o papel de Almagro no episódio que culminou na renúncia de Evo Morales.
"[Solicitamos] a remoção do secretário geral da OEA, Luis Almagro, pelo seu papel [...] [o documento da organização] é um informe sem rigorosidade técnica que resultou de forma prejudicial na institucionalidade democrática na Bolívia", afirma o documento.
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Leia nota do Grupo de Puebla na íntegra, em espanhol:
Los resultados de la reciente elección en Bolivia, con un triunfo contundente de la opción de MAS-IPSP, liderada por Luis Arce, con más de un 20% de diferencia con el candidato Carlos Mesa, confirmó de forma fehaciente lo que varios estudios de centros de investigaciones internacionales habían señalado en estos últimos meses: que no hubo fraude en las elecciones de octubre del 2019 y que Evo Morales se hubiera debido posesionar como Presidente legítimo de Bolivia si la OEA, en su condición de Observador, no hubiera desconocido dichos comicios.
El cuestionamiento electoral de la OEA, además, desencadenó una situación de violencia política y social, que terminó en un golpe de estado y la posterior renuncia del Presidente Evo Morales, quien así preservó la paz social y salvó su vida, con el apoyo del Grupo de Puebla, exiliándose en México y después en Argentina.
Más aún, primeros estudios que analizan los resultados en los recintos de votación que fueron señalados por la OEA como ejemplos de fraude en las elecciones pasadas, se ratifica el triunfo del MAS-IPSP, incluso esta vez con mayor porcentaje que en octubre pasado.
Ante estas evidencias, es claro que el liderazgo regional del Secretario General de la OEA, Luis Almagro, resulta seriamente cuestionado. El papel que jugó en la desestabilización democrática de Bolivia y las relaciones excluyentes que mantiene con otros países del área lo inhabilitan para seguir ejerciendo el papel de mediación y facilitación democráticas que debería desempeñar al frente de tan importante cargo. Su salida ayudará a recuperar la paz en la región y reactivar la integración regional que tanta falta ha hecho en estas épocas de pandemia.
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