Eleições EUA

Na TV, Biden volta a citar Amazônia, e Trump evita repostas sobre covid-19

Candidatos à Presidência dos EUA responderam eleitores em emissoras diferentes; formato ocorre após debate ser cancelado

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O presidente estadunidense, Donald Trump, e o ex-vice Joe Biden concorrem à Presidência dos EUA - Jim Watson e Saul Loeb/AFP

O presidente dos Estados Unidos e candidato à reeleição, Donald Trump, e o candidato democrata ao posto, Joe Biden, participaram de entrevistas televisivas e responderam perguntas dos eleitores norte-americanos na noite dessa quinta-feira (15).

Biden voltou a citar a Amazônia e a emergência climática, embora tenha evitado criticar o governo brasileiro. Trump, por sua vez, foi pressionado e tentou se esquivar de temas como a pandemia do novo coronavírus e os atos violentos de supremacistas brancos.

Os candidatos participaram das entrevistas como forma de substituição do segundo debate presidencial. Como Trump havia contraído o novo coronavírus no início do mês, a comissão de debates cancelou o evento e sugeriu um encontro virtual, que foi refutado pela equipe de campanha do republicano.

Por isso, Biden anunciou já no dia 8 de outubro que responderia eleitores na emissora ABC, na Filadélfia, por 90 minutos. Para não ficar sem exposição, Trump então fechou a participação em um evento semelhante, só que na NBC News, por 60 minutos. Os dois participarão de um último debate antes das eleições de 3 de novembro, no dia 22 de outubro, que será transmitido pela NBC News.

Na ABC, Biden voltou a citar a importância da Amazônia, dizendo que ela é "o maior sequestrador de carbono no mundo", mas evitou fazer críticas ao governo brasileiro e aos incêndios.

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O jornalista George Stephanopoulos intermediou as perguntas dos eleitores ao democrata, e a primeira delas foi sobre a gestão da pandemia de covid-19 no país. Questionado sobre uma fala de sua candidata à vice, Kamala Harris, de que não tomaria uma vacina contra o Sars-CoV-2 recomendada por Trump, Biden afirmou que "se os especialistas e cientistas a aprovarem, ele tomará a vacina".

Ele ressaltou, no entanto, que não confia em Trump por conta das suas ideias malucas, como mandar os norte-americanos "tomarem desinfetante" contra a covid-19.

"Farei de tudo contra a pandemia. Podemos contê-la usando a racionalidade", acrescentou. Porém, o democrata afirmou que não tornará a vacinação obrigatória, já que nem o uso de máscaras está sendo obrigatório. Segundo Biden, se "85% das pessoas usassem as máscaras, não precisaríamos sequer de um lockdown".

Questionado por um jovem negro sobre uma fala que dizia que negros têm dificuldades em votar em "não negros", Biden apresentou uma série de planos para as comunidades negras empreenderem, de ampliar vagas em universidades e de fazer uma reforma do sistema de justiça.

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Ao ser perguntado sobre a ampliação de vagas na Corte Suprema, que deve ficar pró-conservadores com a aprovação do nome de Amy Barrett, Biden disse que não tem opinião formada sobre isso e que tomará a decisão vendo o que acontecerá na sabatina para a aprovação do nome da indicada de Trump.

"Se eu responder à pergunta diretamente, então todo o foco estará em, 'o que Biden fará se vencer, em vez de se é apropriado o que está acontecendo agora'. E isso é uma coisa que o presidente adora fazer, que é sempre tirar nossos olhos da bola. Estou aberto a considerar o que acontece a partir de agora", desconversou, acrescentando "não ser um fã da ampliação".

Questionado sobre a política externa e do fato de Trump ter diminuído a presença militar norte-americana no mundo e os acordos com Israel, Biden afirmou que essas eram pontos positivos, "mas não muito".

"Não há um plano coerente de Trump para a política externa. Estamos mais isolados do que nunca. O 'América em primeiro lugar' deixou os Estados Unidos sozinhos, isolados. Você tem o Irã mais perto de ter material nuclear suficiente para construir uma bomba. A Coreia do Norte tem mais bombas e mísseis disponíveis. Nossos aliados da Otan dizem publicamente que não podem contar conosco. Trump falou com Putin seis vezes, e não sabemos o assunto, e troca cartas de amor com Kim Jong-un", alfinetou.

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Trump, por sua vez, buscou se esquivar de temas como a pandemia da covid-19 e os supremacistas brancos. Marcada pela tensão desde o início, muito pela postura da jornalista Savannah Guthrie, o republicano mostrou uma conduta atípica durante alguns dos momentos da entrevista. Sempre com a autoconfiança em alta, o presidente ficou em apuros nas questões sobre seu caso de coronavírus e sobre o grupo de teorias conspiratórias QAnon.

Ao ser perguntado sobre quando fez o último teste negativo de covid-19 antes do debate realizado com Joe Biden, no fim de setembro, o presidente gaguejou e disse que "não se lembra", que deve "ter feito um dia antes".

Sem confirmar se era testado todos os dias, Trump tentou se defender dizendo que é o mandatário e "que precisa ver pessoas" e que não pode ficar em um "bunker" - referindo-se ao local que Biden ficou durante o ápice da pandemia. Os dois são considerados pessoas da faixa de alto risco da covid-19 por conta da idade.

Trump defendeu sua atuação na pandemia, ao dizer que em janeiro proibiu as viagens dos chineses ao país, mas não explicou porque não tomou medidas mais duras em fevereiro, quando foi alertado por membros de seu governo sobre a gravidade da doença. Apesar de recomendar que os norte-americanos usem máscaras, ele ainda informou um dado falso sobre a falta de eficácia do dispositivo de proteção.

Ao ser questionado sobre os movimentos antirracistas e sua hesitação em condenar os supremacistas brancos no primeiro debate, o republicano afirmou que "sempre denunciou o supremacismo branco" e que é para perguntar para Biden "se ele não condena os antifas".

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Trump considera as pessoas que se dizem antifascistas como um grupo, apesar de não haver provas disso, e diz que eles são "pessoas da esquerda que queimam as cidades".

Outro momento tenso foi quando Guthrie questionou se ele apoia o QAnon que, entre suas dezenas de teorias conspiratórias, diz que Trump salvará o país de "pedófilos satanistas". O mandatário, então, afirmou que "não conhece o grupo".

No entanto, a jornalista replicou que o presidente retuita em sua conta no Twitter o conteúdo desses grupos, e Trump disse que faz isso para "dar voz" a teorias que não estão na mídia. Ao ouvir a resposta, Guthrie rebate. "Mas, você é o presidente, não um tio maluco qualquer das redes". O mandatário ficou sem reação.

Outra questão polêmica foi referente às declarações fiscais de Trump, que, segundo o jornal The New York Times, Trump pagou apenas US$ 750 em 2016. O mandatário rebateu os números dizendo que são "mentirosos", afirmou que o "Fisco sempre me tratou muito mal" e voltou a prometer que publicará "os números em breve". Desde a campanha de 2016, o mandatário faz essa promessa.

*Com informações da ANSA.