O candidato à presidência da Bolívia pelo partido de esquerda Movimento ao Socialismo (MAS), Luis Arce, se reuniu nesta sexta-feira (16) com diversos observadores internacionais que estão no país para acompanhar as eleições gerais que acontecem no próximo domingo (18).
Arce, que é favorito nas pesquisas, manifestou a preocupação de seu partido com a transparência do processo eleitoral e com atos de perseguição contra movimentos de esquerda no país às vésperas do pleito.
Durante encontro a delegação da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidenciável manifestou "preocupação pelas últimas determinações do TSE sobre restrições ao acesso às atas da contagem rápida".
O candidato, que é aliado ao ex-presidente Evo Morales, se referiu ao sistema de Difusão de Resultados Preliminares (DIREPRE), que promete entregar uma apuração dos votos em tempo real através de fotografias das cédulas de votação por um software do TSE. Segundo as autoridades eleitorais do país, o mecanismo foi adotado para acelerar a divulgação dos resultados, já que o voto é realizado em formato impresso no país.
À comissão do Parlasul, que representa o Mercosul no acompanhamento da votação, Arce disse que a presença da delegação é "fundamental para garantir a transparência do processo eleitoral".
O ex-ministro da Economia também se reuniu com a missão do Centro Carter de observadores, com quem conversou sobre episódios de perseguição à movimentos de esquerda às vésperas da eleição. "Expressamos nossa preocupação com a constante perseguição política durante a campanha. A celebração de eleições deve respeitar o direitos de todos", disse.
Arce ainda se reuniu com a delegação enviada pela Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina (COPPAL). O candidato destacou a importância da presença dessa missão "no acompanhamento e observação das eleições de domingo dada sua experiência em eventos democráticos".
:: Relembre: Quem é quem no Tribunal Eleitoral da Bolívia e por que ele desperta desconfiança ::
Dialogamos con la comisión del Parlasur, en representación del Mercosur, cuya observación es fundamental para garantizar transparencia al proceso electoral en #Bolivia. pic.twitter.com/X0C3mUKpUi
— Luis Arce Catacora (Lucho Arce) (@LuchoXBolivia) October 16, 2020
MAS pede transparência na apuração
A direção nacional do MAS, partido do ex-presidente Evo Morales, solicitou ao Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia informações que validem a transparência da eleição que acontece neste domingo (18/10). Em carta enviada ao órgão, o partido pediu a certificação do ISO Eleitoral 54001:2020, que corresponde ao informe final das empresas de auditoria pelos sistema DIREPRE, responsável pela apuração parcial dos votos.
O MAS ainda repudiou a escolha dos mesmos observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) que estiveram na eleição anterior, realizada em outubro de 2019. À época, o então presidente Evo Morales venceu o pleito no primeiro turno, mas setores da direita, do exército e a própria OEA contestaram os resultados, processo que culminou com um golpe de Estado e a renúncia de Evo.
"Somos sensíveis pelo fato de que são os mesmos que desferiram o golpe para a democracia na Bolívia em 2019, que se fosse verdade, isso constituiria uma afronta ao povo boliviano ”, disse o partido.
Vale lembrar que, meses após o golpe, diversos estudos internacionais determinaram que as eleições que deram a vitória a Morales foi legítima e as acusações de fraude eram infundadas.
O partido de Arce ainda solicitou ao TSE o envio de informes técnicos das instâncias que sugeriram a não publicação das fotografias das atas dos resultados das mesas. Ao mesmo tempo, pediu a publicação simultânea das fotografias que servem de base para alimentar o sistema DIREPRE.
O MAS também exigiu a publicação de um chamado "plano de contingência" do TSE acordado com as Forças Armadas e a polícia boliviana e uma explicação pública do órgão sobre "as razões das mudanças dos postos de votação no exterior e anunciem o dia e hora que a população poderá ter acesso ao seu número de mesa e lugar de votação, como por exemplo na Argentina".