Após quatro semanas de audiências no Tribunal Penal de Old Baley, em Londres, a justiça britânica decidiu que a decisão sobre o pedido de extradição de Julian Assange será divulgada apenas em 4 de janeiro de 2021. O ativista australiano e fundador do WikiLeaks permanecerá preso.
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Segundo declaração da juíza Vanessa Baraitser durante a quarta e última audiência realizada nesta quinta-feira (1º), Assange só poderia aguardar em liberdade caso um novo pedido de fiança seja feito e aceito neste período. No entanto, a juíza responsável pelo caso já negou a fiança anteriormente alegando risco de fuga.
"A menos que qualquer outro pedido de fiança seja feito entre agora e 4 de janeiro, você permanecerá sob custódia pelas mesmas razões que lhe foram dadas antes", disse Baraitser em direção a Assange, que, conforme reportagem do The Guardian, estava sentado ao fundo do tribunal.
Ao longo da audiência, a advogada Gareth Peirce, responsável pela defesa do ativista, declarou que ambos foram alvo de espionagem durante reuniões com o ativista quando ele estava na embaixada do Equador, em Londres, o que atrapalhou a formulação da defesa.
Assange foi removido da embaixada em abril de 2019, onde se refugiou por sete anos antes para evitar a extradição para a Suécia, devido a uma acusação de agressão sexual que foi posteriormente arquivada.
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Atualmente, ele está detido na prisão de segurança máxima de Belmarsh e é acusado pelos Estados Unidos de violar a lei de espionagem pela divulgação de documentos que expuseram as violações cometidas por militares dos Estados Unidos nas Guerras do Afeganistão e do Iraque. No total, o ativista é acusado por 18 crimes pelos quais pode ser condenado a 175 anos de prisão.
Witness statement Noam Chomsky: "Julian #Assange...has performed an enormous service to all the people in the world who treasure the values of freedom and democracy and who therefore demand the right to know what their elected representatives are doing. #FreePress @noamchomskyT pic.twitter.com/u8U5v6idJZ
— WikiLeaks (@wikileaks) October 1, 2020
A defesa do Assange reforçou que o pedido de extradição é motivado politicamente, perseguição que, segundo eles, foi intensificada nos últimos anos com a eleição do republicano Donald Trump. Uma testemunha ouvida nesta quarta (30) afirmou que fontes de inteligência dos Estados Unidos e uma empresa de segurança privada discutiram a possibilidade de até mesmo envenenar o ativista.
Os advogados também demonstraram preocupação com a saúde mental de Assange e reforçaram que suas condições são muito graves. Um psiquiatra que o acompanha na prisão do Reino Unido declara ao tribunal que, caso o ativista seja extraditado e enviado para uma prisão de segurança máxima nos Estados Unidos, há um alto risco de suicídio.
Em entrevista coletiva à imprensa após a audiência, Stella Morris, noiva de Assange, criticou o longo processo de perseguição e tortura psicológica a qual o ativista tem sido submetido nos últimos anos.
“Ele está na prisão porque o informou sobre crimes e atrocidades cometidos por uma potência estrangeira. Esse poder arrancou sua liberdade e dilacerou nossa família. Esse poder quer colocá-lo em detenção incomunicável no buraco mais profundo di sistema prisional para o resto de sua vida”, declarou.
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"Julian está sendo punido por realizar um serviço público do qual todos nós nos beneficiamos. Nossos filhos precisam de seu pai. Julian precisa de sua liberdade e a democracia precisa de uma imprensa livre”, continuou.
Ela acrescentou ainda que a perseguição é um precedente para que todos jornalistas que publiquem informações que não agradem o governo sofram o mesmo processo violento.
Julian Assange's fiance Stella Moris @StellaMoris1 speaking on the final day of evidence in London extradition hearing:
— WikiLeaks (@wikileaks) October 1, 2020
"Julian is being punished for performing a public service that we have all benefited from" #Freepress #FreeAssange pic.twitter.com/tZ19nDsAtZ
Dezenas de pessoas protestaram durante horas do lado de fora do tribunal onde estava Assange, clamando por sua liberdade. Confira:
Edição: Rodrigo Chagas