O vereador Marcelo Monteiro (sem partido) tem enfrentado uma crescente onda de perseguição política em Lagoa Santa, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Os ataques ocorrem depois de sua participação ativa no apoio à ocupação de mulheres e famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na fazenda Aroeiras, no dia 8 de março.
Enquanto a polícia tentava dissipar a ocupação, sob ordens do governador Romeu Zema (Novo), o parlamentar, como único representante eleito da esquerda na região, buscava mediar o conflito entre os ocupantes, advogados do MST e as autoridades policiais. No entanto, sua atuação o colocou na mira de organizações de direita locais, que passaram a fazer ameaças contra sua vida e seu mandato, o que o forçou a adotar medidas de segurança privada.
Antes membro do partido Cidadania e com bom relacionamento com a prefeitura local, Marcelo Monteiro afirma ter sido pressionado pela direção do partido, que afirmou não haver espaço para ele nas próximas eleições após abraçar causas populares. No sábado (16), o vice-prefeito, candidato à sucessão do governo, publicou um vídeo no qual ataca diretamente o vereador. No mesmo dia, o Cidadania de Lagoa Santa publicou, em nota, a expulsão de Monteiro do partido.
A situação chegou a um novo patamar na segunda-feira (18), quando dois pré-candidatos ao parlamento da cidade, ligados à direita, protocolaram na Câmara Municipal processos de cassação contra o mandato de Monteiro, nos quais alegam quebra de decoro parlamentar.
"É importante destacar que tais ataques representam uma grave ofensa ao processo democrático", afirma Marcelo Monteiro. "A defesa de causas humanitárias não configura quebra de decoro, e seguiremos lutando pelos direitos populares", concluiu o vereador, que também destaca a importância da luta contra a perseguição política e em defesa dos princípios constitucionais e da justiça social.
Incra faz acordo com o MST
Na quarta-feira (20), uma reunião foi realizada entre o MST e a Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na qual foi acordada a realocação das famílias para duas áreas públicas. Diante da decisão, o movimento anunciou a saída das pessoas acampadas em Lagoa Santa para esta quinta-feira (21).
O acordo também contemplou a regularização dos acampamentos Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, e Terra Prometida, em Felisburgo, além das áreas pertencentes à empresa Suzano, no Vale do Rio Doce.
Em nota, o MST comemorou o resultado. “Nesses mais de dez dias de ocupação em Lagoa Santa, as mulheres sem terra mandaram seu recado ao patriarcado em um dia simbólico de luta. Mais que isso, lançamos nossa voz contra o agronegócio e o latifúndio, que segue concentrando terras a despeito de sua função social, enquanto milhões de pessoas seguem passando fome ou em grave situação de insegurança alimentar”, diz um trecho do texto.
Outro lado
O Brasil de Fato MG entrou em contato com o Cidadania para comentar as denúncias, mas ainda não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Leonardo Fernandes