COVID-19

Apesar do bloqueio, Venezuela investe em ciência para combater a pandemia

País lidera o ranking de realizalção de diagnósticos de covid-19 e possui uma das menores taxas de letalidade da região

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Governo venezuelano criou Conselho Científico - Tecnológico Militar para melhorar a resposta nacional no combate à pandemia. - IVIC

A Venezuela começa a semana de quarentena restrita, dentro do plano 7+7 (uma semana de flexibilização e uma de isolamento) com novas medidas para combater a pandemia do novo coronavírus. Desde o dia 15 de março e até o próximo 15 de outubro, o país se mantem em estado de alerta nacional, com suas fronteiras fechadas e voos interrompidos.

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O governo bolivariano anunciou que nos mais de 50 hospitais sentinela abertos, as equipes passarão a realizar provas sorológicas para poder medir a resposta imune de pessoas recuperadas da doença. Com esse dado, pretendem incrementar o uso do tratamento com plasma sanguíneo em pacientes em estado leve a moderado. 

O Executivo ainda anunciou que começaram a terceira fase de testes de um antiviral para tratar doentes com coronavírus. O medicamento foi desenvolvido a partir do intercâmbio entre médicos russos e venezuelanos.
 


A Venezuela aplica uma média de 62 mil provas de diagnóstico da covid-19 por milhão de habitantes. / Mincyt

O presidente Nicolás Maduro também criou o Conselho Nacional Científico-Tecnológico Militar para impulsionar a pesquisa nacional. Apesar da crise econômica e do bloqueio, que em cinco anos gerou um prejuízo de cerca de 30 bilhões de dólares ao ano aos cofres públicos venezuelanos, a maior parte do investimento para ciência e tecnologia, assim como para desenvolver novas respostas imunológicas contra o vírus sars-cov2, causador da covid-19, vem do Estado.

Desde o início da pandemia, o país tem mantido os maiores índices de aplicação de provas de diagnóstico na região. Até o momento foram realizados 1.920 milhão de exames, o que representa uma média de 64 mil testes para cada grupo de um milhão de habitantes. 

Desde março até o dia 27 de setembro, foram computados 72.691 casos, dos quais 87% já se recuperaram. Ainda foram registrados 606 falecidos, posicionando-se como um dos cinco países com menor taxa de mortalidade na América Latina e o Caribe. 

De acordo com dados oficias, 98% dos infectados com a covid-19 são tratados em unidades do sistema público de saúde venezuelano.

Defendendo políticas públicas como base para vencer a pandemia global, o presidente Maduro defendeu a criação de um fundo público para garantir estruturas e medicamentos contra a covid-19 de maneira igualitária a todos os países, durante a 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em maio, durante a 73ª Conferência da Organização Mundial da Saúde (OMS), o ministro de saúde da Venezuela, Carlos Alvarado também havia apresentado a estratégia nacional de combate à pandemia, incentivando o intercâmbio internacional para aprimorar as políticas sanitárias.


Durante a pandemia, o governo incentivou a criação de multirões populares para recuperar equipamentos médicos nos hospitais públicos. / IVIC

Através da cooperação internacional com Rússia, China, Cuba, Irã e Turquia, o país é o único a oferecer cinco tipos de tratamento contra o novo coronavírus, de acordo com a gravidade do caso, e de forma totalmente gratuita.

"Trazemos em segredo para que nem os Estados Unidos, nem a oposição golpista possam impedir a importação de medicamentos ao país", afirmou o presidente Maduro. Dessa maneira, o governo assegura ter distribuído 52,4 milhões de medicamentos para a cidadania. 

Edição: Leandro Melito