O padre Júlio Lancellotti, conhecido por sua atuação junto à população em situação de rua, em São Paulo (SP), tem sido alvo de ameaças e xingamentos. Desta vez, enquanto trabalhava em uma praça da Mooca, zona leste da capital paulista, na manhã desta terça-feira (15), um motoqueiro passou e gritou “padre filho da p**** que defende nóia!”.
“Depois de ataques de alguns candidatos à prefeitura contra mim, eu estou cada vez mais em risco. Se me acontecer alguma coisa, se alguém me atingir, vocês sabem de quem é a culpa, quem cobrar”, disse o padre em vídeo publicado nas redes sociais
Recentemente, o candidato à prefeitura de São Paulo, Arthur do Val (Patriota), conhecido por Arthur Mamãe Falei, atacou Lancelotti nas redes sociais, após acompanhar uma ação repressiva da Guarda Civil Metropolitana na região conhecida como cracolândia, no centro da cidade.
“Até quando esse cafetão da miséria vai achar que é dono da verdade enquanto milhares de brasileiros sofrem com a cracolândia? Anotem: vou desmascará-lo”, afirmou o candidato.
Procurado pelo Brasil de Fato, Arthur do Val confirma que se referiu ao padre como "cafetão da miséria", mas diz nunca ter ameaçado ou incentivado qualquer tipo de agressão contra o religioso.
"Ele [Júlio Lancelotti] é nocivo e minha proposta é totalmente diferente em relação à dele. Eles atacam minha pessoa, tentam me desqualificar mas, se você não pode fazer uma crítica política, aí é uma ditadura. Em nenhum momento da minha vida fiz ameaça ou incitação à violência e não incentivei outra pessoa a fazer contra o padre ou contra qualquer outra pessoa", disse o candidato por telefone.
Histórico
Não é a primeira vez que Lancellotti é alvo de ataques. Em março de 2018, internautas começaram a propagar ofensas e ameaças, inclusive de morte ao líder religioso em grupos e em seu perfil no Facebook. Em uma delas, o agressor diz “morte ao padreco”. “Tem que começar mandando esse padre pro inferno, e depois seus seguidores…”, diz outro comentarista, sendo saudado com aplausos virtuais.
Lancellotti tem 71 anos, dos quais quase 36 dedicados à causa da população em situação de rua e outros grupos marginalizados. Pároco da Igreja de São Miguel Arcanjo, na Mooca, o padre é vigário episcopal para a população de rua da Arquidiocese de São Paulo.
Edição: Leandro Melito