O primeiro dia do julgamento que vai decidir se o fundador da Wikileaks, Julian Assange, será extraditado do Reino Unido para os Estados Unidos, foi marcado, nesta segunda-feira (7), pela recusa de autoridades britânicas em receber uma petição assinada por 80 mil pessoas, organizada pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras.
Antes do início do julgamento, o documento foi levado à Downing Street, a residência do premiê britânico, Boris Johnson, pela companheira de Assange, Stella Morris, que também é integrante do seu time de advogados. Mas a petição não foi aceita, segundo uma policial no local, devido à medidas adotadas por causa do novo coronavirus, que determinaram uma "redução do número de pessoas em serviço".
"Se Julian for extraditado, meus filhos vão perder o pai", disse Morris, que tem dois filhos pequenos com o ativista.
Autoridades dos EUA acusam o australiano Assange de espionagem e colocar a vida de militares americanos em risco por publicar centenas de documentos secretos sobre as invasões no Iraque e no Afeganistão. Nos EUA, ele corre risco de ser sentenciado à morte.
Seus advogados argumentam que o julgamento, retomado nesta segunda-feira após meses de adiamento devido ao coronavírus, é essencialmente político e Assange deveria ser protegido pelas leis britânicas de liberdade de imprensa. Mas há suspeitas de que a própria juíza do caso teria interesse na extradição do australiano.
Assange assistiu ao julgamento separado por uma barreira de vidro. Quando perguntado pela juíza se aceitaria ser extraditado, ele disse "não".
A única testemunha da defesa ouvida ouvida nesta segunda foi um jornalista investigativo americano que enfrentou uma série de problemas técnicos para fazer seu testemunho online. Ele disse que os vazamentos ocorrem diariamente na imprensa dos EUA, muitos são obra do próprio governo, esta é uma prática antiga, recorrente e que não leva a punições legais. Sua conexão interrompida bruscamente.
A transmissão para o público de imagens do julgamento são proibidas.
Uma multidão em defesa de Assange se reuniu em frente à corte. O julgamento, que deve durar cerca de três semanas, continua nesta terça-feira.
Edição: Rodrigo Durão Coelho