Solidariedade

RS: MTST e MPA entregam mais de meia tonelada de alimentos "da terra" a comunidades

Movimentos do campo e da cidade se juntam para garantir soberania alimentar para toda população do estado

Porto Alegre | BdF RS |
Os movimentos acreditam que ações práticas dessa natureza são um passo a mais para a consolidação de um trabalho que fortalece as redes de cooperação entre os movimentos sociais e as lutas populares - Divulgação

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto do Rio Grande do Sul (MTST/RS) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) entregaram mais de meia tonelada de alimentos saudáveis para famílias de vários territórios da zona Norte de Porto Alegre (RS), no último sábado, dia 22 de agosto.

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Atualmente, o MTST/RS realiza trabalho comunitário em quatro comunidades da capital gaúcha, entre elas a Ocupação Povo Sem Medo, composta por mais de 80 famílias que resistem ao processo de remoção da Vila Nazaré. 

Parte dos alimentos foram adquiridos pelo MTST com recursos arrecadados por meio de campanha nacional, fortalecida pela solidariedade de apoiadores e militantes. Outra parte foi doação das famílias organizadas pelo MPA.

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Entre os alimentos entregues estão mandioca, moranga, batata-doce, banana, cenoura, bergamota, feijão, laranja e couve. A ação faz parte de um processo ampliado de discussão e articulação política acerca da segurança e soberania alimentar do povo trabalhador urbano. 


O MTST/RS realiza trabalho comunitário em 4 comunidades da capital gaúcha, entre elas a Ocupação Povo Sem Medo, composta por mais de 80 famílias que resistem ao processo de remoção da Vila Nazaré / Divulgação

Os movimentos acreditam que ações práticas dessa natureza são um passo a mais para a consolidação de um trabalho que fortalece as redes de cooperação entre os movimentos sociais e as lutas populares. Estratégia essa que surge como alternativa de acesso aos trabalhadores urbanos para a aquisição de alimentos de qualidade, com preço justo e acessível, conforme a sua sazonalidade e sem a especulação criminosa dos impérios alimentares.

Além disso, avaliam que fortalece iniciativas políticas autônomas de trabalhadores rurais e urbanos, mostrando que é possível estabelecer uma relação justa e transparente, contrapondo-se às amarras de projetos governamentais que não atendem os pobres.

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Em nota afirmam; "Ainda que seja de responsabilidade do Estado a proposição de políticas públicas e sociais na garantia do acesso à segurança alimentar da população brasileira, sabemos que pouco ou quase nada tem sido feito, pelo contrário, o principal instrumento e o que tem maior experiência em abastecimento alimentar popular do Estado brasileiro que é a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), vêm sendo desestruturado e aparelhado para atender quase exclusivamente as demandas do agronegócio. Para enfrentar o descaso do Estado, somos obrigados a construir maneiras de melhor resistir e enfrentar o abismo de desigualdades sociais presentes no cotidiano de milhões de famílias."


Objetivo da unidade é garantir que as famílias sem teto possam adquirir diretamente os gêneros alimentícios das famílias camponesas através de compras coletivas / Divulgação

A nota destaca ainda: "O MTST ocupa e o campo alimenta, essa é nossa divisa. Unidade que garanta a luta permanente pela dignidade das famílias responsáveis por produzir mais de 70% dos alimentos que chegam à mesa do povo brasileiro e de quem luta por moradia digna e pela reforma urbana. É possível construir um Brasil mais justo e igualitário a partir da participação e construção de poder popular daqueles que realmente geram a riqueza desse país." 

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O texto ressalta a importância da união dos movimentos sociais do campo e da cidade: "Nossa perspectiva é de ampliação do trabalho articulado entre MTST e MPA para que as famílias de trabalhadores e trabalhadoras sem teto possam adquirir diretamente os gêneros alimentícios das famílias camponesas através de compras coletivas, quinzenais ou mensais. Com isso, ganham os trabalhadores do campo e também os da cidade. Está em curso uma verdadeira transformação nas relações de solidariedade. Fortalecendo e avançando lado a lado através da luta organizada, mostrando que é possível outra sociabilidade, livre das explorações e opressões que o capitalismo nos impõe", finaliza a nota.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko