SOLIDARIEDADE

Vendedores ambulantes de Belo Horizonte organizam rede de apoio própria

Entre caixeiros, pipoqueiros, camelôs e vendedores, capital mineira conta com 12.800 ambulantes

Belo Horizonte | Brasil de Fato (MG) |
A entidade estima que, por semana, cerca de 250 famílias são atendidas - Arquivo pessoal

Há quatro meses Belo Horizonte vive o isolamento social, medida primordial para contenção do coronavírus. Com a diminuição da circulação, como está a situação de quem depende da movimentação das ruas para sobreviver?

Sueldo Moreira da Silva, mais conhecido como Neguinho, trabalha como caixeiro no centro de BH. Desde o início da pandemia ele suspendeu as atividades. O ambulante, que sustenta um filho de 14 anos, atualmente tenta fazer um malabarismo para dar conta dos gastos da casa. "Estou dependendo do auxílio emergencial, que cai de dois em dois meses. Para conseguir alguma coisa estou fazendo um bico aqui outro ali", relata o trabalhador.

Leia também: Em BH, trabalhadores informais e de aplicativos estão entre a doença e a penúria

Até o momento não há nenhuma política específica de apoio aos ambulantes. No entanto, os trabalhadores têm se organizado e distribuído cestas básicas e alimentos entre a categoria. Desde o início do isolamento social, em todos os domingos, a Associação dos Vendedores Ambulantes de BH distribui um sopão ou macarronada solidária.

:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::

A entidade estima que, por semana, cerca de 250 famílias são atendidas. Além da refeição, a associação já entregou também mais de 600 cestas de frutas e legumes, 250 cestas básicas e aproximadamente 300 máscaras aos profissionais. A rede tem atuado prioritariamente nos bairros Jardim Vitória, Vista do Sol, Capitão Eduardo, Goiânia e Nazaré. Para os trabalhadores, ela tem desempenhado um papel fundamental. "Tem ajudado a gente bastante. E é assim que nós vamos sobrevivendo, graças a Deus", declara o caixeiro Sueldo.

Leia também: Enfrentamento da covid-19 em BH esbarra na flexibilização e subnotificação de casos

Situação ainda mais complicada vive Alexandra Fonseca. Morando de aluguel e com cinco filhos dependentes, conseguir manter o alimento da família tem sido um desafio. "Os únicos que me estenderam a mão foi a associação. Eu vou te falar, tá muito difícil viu. Eu vivo da rua e eu estou sem renda nenhuma", desabafa.

Como doar

Adjailson Severo, presidente da Associação, conta que as doações são feitas com o apoio de amigos, donos de sacolões e de supermercados, que se solidarizam com os trabalhadores. Diante da crise, o presidente afirma que a entidade está de braços abertos para ajudar, como puder, os trabalhadores.

"Muitos pais e mães de família estão passando dificuldades nesses tempos de pandemia, em que a nossa forma de trabalho e a nossa renda estão prejudicadas. Então nós lançamos essas ações para tentar nos apoiar."

A Associação dos Vendedores Ambulantes de BH recebe tanto doações em valores quanto em produtos. Basta entrar em contato pelo número (31) 98105-4628. O telefone também está disponível para dúvidas sobre onde e quando são entregues as doações. 

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Rodrigo Chagas e Elis Almeida