Desigualdades

Pessoas LGBT tiveram mais problemas financeiros e de saúde na pandemia, diz estudo

Pesquisa levanta dados sobre o impacto do isolamento social na saúde e na renda de gays, lésbicas, bissexuais e trans

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Índice de desemprego atingiu 21,6%, quase o dobro do registrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em abril deste ano, no restante da população - Mídia Ninja

A pandemia agrava a situação de LGBTs+ em todo o país e intensifica problemas já enfrentados por gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, intersexuais e por outras pessoas com distintas orientações sexuais e expressões de gênero. A afirmação é síntese da pesquisa divulgada, no domingo (28) – Dia do Orgulho LGBT –, pelo coletivo #VoteLGBT, que mapeou impactos da covid-19 na vida dessa população.

A pesquisa online ouviu 10 mil pessoas de todos os estados, com maior proporção de respostas na Região Sudeste. Os dados, que foram analisados por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostram que há desigualdades entre as LGBTs que envolvem acesso à saúde, renda e trabalho, e exposição ao coronavírus. As transexuais e travestis são as mais vulneráveis, de acordo com Índice de Vulnerabilidade de LGBT+ ao COVID-19 (o VLC), marcador criado pela pesquisa que cruza essa dimensões.

“Dentro do grupo, teve recortes, de identidade de gênero, orientação sexual e de cor/raça justamente pra mostrar que há uma diversidade de situações de vulnerabilidade, que a comunidade LGBT internamente possui uma heterogeneidade”, aponta Fernanda De Lena, doutoranda em demografia da Unicamp, que participou da pesquisa.

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Alguns resultados

As principais informações extraídas dos dados se referem à saúde e às dificuldades enfrentadas pelas LGBTs no mercado de trabalho. Das pessoas entrevistadas, 28% já tinham sido diagnosticados com depressão antes da pandemia. Esse número é quatro vezes maior do registrado no restante da população, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). Além disso, 47% foram classificadas com o risco depressão no nível mais severo.

Já o índice de desemprego atingiu 21,6%, quase o dobro do registrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em abril deste ano, no restante da população. Uma a cada quatro pessoas perderam o emprego em função da pandemia e 30% das pessoas desempregadas já estão sem trabalho há um ano ou mais.

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Bolsonaro é ruim ou péssimo

Uma pergunta sobre a avaliação dos governos federal e estaduais também foi incluída na pesquisa. Quase todas as pessoas entrevistas, 98,7%, reprovam o presidente Jair Bolsonaro.  Já os governadores, foram aprovados por 74% dos respondentes, com exceção de Romeu Zema (Novo), que foi o único do sudeste com avaliação péssima elevada (34,%).

Apoio coletivo

Junto com a pesquisa foi lançada também uma campanha de financiamento coletivo, pela plataforma Benfeitoria, para entidades que amparam pessoas LGBTs. A iniciativa vai contribuir com a Casa Satine (Campo Grande, MS), Outra Casa Coletiva (Fortaleza, CE), Casamiga (Manaus, AM), Ultra (Brasília, DF), Liga Brasileira de Lésbicas (Curitiba, PR) e Casa 1 (São Paulo, SP). Mais informações sobre as doações aqui.

Outros resultados:

- Pessoas acima dos 55 anos apresentaram 80% mais de chance de reportar solidão como o maior problema quando comparados com as pessoas de 15 a 24 anos.

- Entre aquelas com 45 a 54 anos, a chance de indicar falta de dinheiro como a maior dificuldade da quarentena foi 70% maior em relação às pessoas com entre 15 e 24 anos.

- Pretos, pardos e indígenas possuem 22% mais chance de indicar a falta de dinheiro como a maior dificuldade da quarentena do que brancos e asiáticos.

- Durante a quarentena, 7 em cada 10 pessoas (68,42%) só saem de casa quando inevitável;

- 8 em cada 10 pessoas perceberam uma alteração de humor durante a quarentena.

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Rodrigo Chagas e Elis Almeida