Na última terça-feira (9), o vereador do Rio de Janeiro Leonel Brizola Neto (Psol) protocolou uma denúncia no Conselho de Ética da Câmara dos Vereadores contra Carlos Bolsonaro (Republicanos). A justificativa é a postura do filho do presidente em relação aos outros parlamentares. Segundo Brizola Neto, Carlos têm xingado, ameaçado e ofendido vereadores da oposição em um grupo do WhatsApp criado para resolver discussões da Câmara durante o período de trabalho remoto imposto pela pandemia.
“Enquanto a Câmara está preocupada e focada em buscar soluções para nosso povo nesse momento de dificuldade, Carlos Bolsonaro destoa desse esforço coletivo e a única coisa que faz é xingar, difamar e ameaçar os opositores do seu pai”, explica Brizola Neto em entrevista ao Brasil de Fato.
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Mesmo com as evidências, a denúncia não foi aceita automaticamente pelo Conselho. O pedido formal foi encaminhado primeiro ao presidente da Câmara, Jorge Felippe (DEM) e, em seguida, devolvido a Brizola Neto. Segundo Jorge Felippe, o documento precisaria da assinatura de dois quintos da Câmara para ser encaminhado ao Conselho de Ética da Casa.
Então, Brizola Neto refez o pedido, que foi novamente devolvido pelo presidente da Casa, mas desta vez, encaminhado para conhecimento do Conselho de Ética. Na tarde da última terça (9), o presidente do Conselho, vereador Fernando William (PDT), convocou o órgão da Câmara para discutir o documento formulado por Brizola. A data da reunião ainda não foi agendada.
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“Estou confiante de que a Câmara dará um basta a essa situação para que Carlos Bolsonaro pare de atrapalhar nosso trabalho. Crivella e Jair Bolsonaro já causam estrago o bastante, não precisam de ajuda”, disse Brizola Neto.
Confira abaixo a entrevista completa:
Brasil de Fato: Na última terça (9), o senhor protocolou uma denúncia a Carlos Bolsonaro (Republicanos) na Câmara Municipal do Rio. Qual a justificativa formal para esse pedido?
Brizola Neto: O pedido foi para que Carlos Bolsonaro seja punido. A natureza da punição será decidida pelo Conselho de Ética da Câmara. A justificativa para nosso pedido é a reiterada quebra de decoro parlamentar por parte do Carlos Bolsonaro, que sessão após sessão gasta muito tempo (dele e nosso) preocupado em xingar, ofender, ameaçar tanto a mim quanto a outros colegas, além de debochar de grupos vulneráveis. Enquanto a Câmara está preocupada e focada em buscar soluções para nosso povo nesse momento de dificuldade, Carlos Bolsonaro destoa desse esforço coletivo e a única coisa que faz é criar xingar, difamar e ameaçar os opositores do seu pai.
Aliás, parece que esse tipo de tática estúpida é coisa de família.
Essas ofensas acontecem em um grupo de vereadores no WhatsApp. Esse grupo surgiu no contexto da pandemia? Qual o objetivo dele?
O grupo surgiu por conta da necessidade dos debates e sessões acontecerem de maneira remota, respeitando o isolamento social. Parte das sessões e discussões se dá através do grupo e parte se dá por videoconferência.
As quebras de decoro por parte do Carlos são variadas, posso mencionar algumas que já foram expostas na imprensa, como "Brizola queima ou cheira?", "VTNC piçou", "Brizola tá com abstinência de pó", "seus merdas", além de uma insinuação grave de ameaça física.
Isso só pra mencionar as declarações que se voltaram diretamente a mim, outros vereadores também são vítimas desses "chiliques". Esse tipo de coisa atrapalha efetivamente o nosso trabalho, e é por isso que a Câmara tem mecanismos para punir esse tipo de molecagem.
Acredita que a quebra de decoro parlamentar é suficiente para o pedido de cassação caminhar na Câmara?
Como eu disse, tanto o regimento interno quanto a resolução que instituiu o Código de Ética e Decoro Parlamentar são claros no sentido de que aquele que viola o decoro parlamentar deve ser punido. Estou confiante de que a Câmara dará um basta a essa situação para que Carlos Bolsonaro pare de atrapalhar nosso trabalho.
Crivella e Jair Bolsonaro já causam estrago o bastante, não precisam de ajuda.
A atitude de Carlos Bolsonaro é uma representação da política que toda sua família têm praticado no Brasil em diversas instâncias de governo?
Sim. Os filhos do Bolsonaro seguem a cartilha do autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho. O guru do governo acha que a principal missão do Bolsonaro é "combater o comunismo e eliminar da vida política brasileira a esquerda". Esse combate não se dá no campo das ideias - pois é difícil encontrar alguma ideia que preste nessa turma -, mas sim no terreno da desqualificação pessoal, daí o uso indiscriminado dos palavrões.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Eduardo Miranda e Raquel Júnia