Após 70 dias desde o início da campanha presidencial, as iniciativas de checagem de fatos tiveram de desmentir mais de 100 boatos contra o candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) e seu partido.
Um estudo do site Congresso em Foco mostra que, ao todo, foram 123 checagens de boatos diretamente ligados a Haddad e ao candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro (PSL) desmentidos desde 16 de agosto.
As agências de checagem Lupa e Aos Fatos e o projeto Fato ou Fake, do Grupo Globo, tiveram de desmentir, pelo menos, 104 fake news contra Haddad e o PT e outras 19 prejudiciais a Bolsonaro e seus aliados.
As notícias falsas contra o PT, segundo reportagem da Folha de São Paulo, foram espalhadas em grupos de WhatsApp por empresas especializadas contratadas com dinheiro de caixa dois da campanha de Bolsonaro; a prática é crime eleitoral.
"Essa enxurrada, essa usina de mentiras se aproveita, principalmente, do fato de a comunicação estar sendo feita no âmbito privado, as chamadas bolhas. A gente viu em outros países a mesma estratégia sendo utilizada. Foi assim nas eleições americanas, no Brexit [processo de consulta popular que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia] e em outras eleições na Europa. O esquema é financiado por empresários que querem a ascensão da extrema direita. Eles disparam milhões e milhões de mensagens para confundir o eleitor", disse Eleonora de Lucena, jornalista, ex-diretora executiva da Folha de S.Paulo e idealizadora do site Tutaméia.
O total de 123 checagens de notícias falsas é equivalente a quase dois boatos desmentidos por dia até esta quinta-feira (25). Algumas das mentiras mais espalhadas tiveram de ser esclarecidas pelas três iniciativas de checagem.
É o caso do boato que atribui a Haddad uma declaração que nunca existiu. A mentira espalhada afirmava que o petista tinha dito que crianças passam a ser “propriedade do Estado” ao completarem cinco anos. O candidato, que nunca disse isso, conseguiu uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no dia 25 de setembro, que determinava a retirada imediata das postagens que reafirmavam essa mentira.
Dois dias depois, contudo, a agência Lupa verificou que a imagem continuava circulando no Facebook.
Edição: Diego Sartorato