Foi confirmado, nesta quarta-feira (1), o terceiro óbito por covid-19 em Minas Gerais. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, o homem tinha 44 anos, era morador do município de Mariana, região Central do estado, e o exame foi realizado pela Fundação Ezequiel Dias (Funed). Até o momento, segundo o informe epidemiológico, 34.018 casos suspeitos, 314 casos confirmados e 45 óbitos estão em investigação.
::Com aval do governo, mineradoras contrariam isolamento e seguem operando no país::
Cláudio Arlindo Martins, que faleceu no dia 30, trabalhava na empresa MCA Auditoria e Gerenciamento, que é prestadora de serviço para a Fundação Renova, instituição criada pela Samarco/Vale/BHP Billiton – após o crime cometido em Bento Rodrigues, em 2015 – para negociar as indenizações às famílias atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão. Segundo nota da empresa, Cláudio estava em home office desde o dia 16 de março, juntamente com os demais funcionários, em razão das políticas de contingência adotadas pela MCA e pela Fundação Renova.
Uma portaria emitida pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, inclui a mineração como atividade essencial durante a pandemia da covid-19. Em Mariana (MG), portanto, as mineradoras Vale e Samarco (que pertence à Vale e à BHP Billiton) continuam a todo o vapor.
Exposição ao vírus
Segundo Letícia Oliveira, integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e moradora de Mariana, os trabalhadores das mineradoras estão muito expostos à contaminação pelo coronavírus, por serem submetidos a situações de aglomeração, seja nos pontos de ônibus ou nos refeitórios das empresas. “As pessoas vão trabalhar, voltam pra casa e têm contato com a família e com outras pessoas das comunidades rurais, dos distritos. A gente sabe que ainda, em muitos desses lugares, mesmo com a orientação de isolamento, as pessoas transitam mais. E isso é sério, porque é muita gente do município que trabalha na mineração”, denuncia.
O Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM) também se posicionou, por meio de nota, sobre a manutenção da atividade minerária e o risco que correm os trabalhadores diretos e terceirizados. “Não podemos aceitar a irresponsabilidade da Vale e das demais mineradoras. As pessoas já estão morrendo pelo novo coronavírus. A não paralisação dos complexos minerários implica em um risco maior para toda a população das regiões mineradas”, diz o texto.
::Em 3 anos, Samarco cumpriu 1 dos 42 programas de reparação após crime ambiental::
Em comunicado, a Samarco afirma que a empresa adotou as práticas de teletrabalho e escalonamento de equipes para reduzir o fluxo de pessoas nas unidades, suspendeu as visitas e viagens internacionais, e intensificou as orientações sobre as medidas de prevenção, como higienização das mãos e limpeza das áreas e equipamentos. Na mesma direção, a Vale fechou postos de atendimento, suspendeu o transporte na região de Brumadinho, adotou o trabalho remoto para atividades administrativas e suspendeu viagens internacionais.
O secretário de Saúde de Mariana foi procurado pela reportagem, mas não retornou. Por meio de nota, a Fundação Renova confirma que o trabalhador pertencia à MCA Auditoria e Gerenciamento, prestadora de serviço na área de governança. Além disso, afirma que colocou as áreas administrativas em regime de home office, suspendeu os atendimentos nos escritórios e paralisou suas obras temporariamente, incluindo os trabalhos nos reassentamentos.
*Matéria atualizada às 20h39 desta quarta-feira (1); diferente da informação repassada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) de que o trabalhador que faleceu em função do coronavírus era motorista, o óbito foi de um assessor de comunicação da MCA Consultoria, conforme informou a empresa por meio de nota.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Joana Tavares