O presidente argentino Alberto Fernández propôs a criação de um fundo mundial de emergência humanitária para enfrentar a pandemia do coronavírus durante videoconferência com líderes do G20 – bloco que reúne as 20 maiores economias do mundo, nesta quinta-feira (26). "Ante o dilema de preservar a economia ou a vida, não duvidamos, escolhemos a vida", postou o presidente em seu perfil no Twitter.
Durante una videoconferencia con líderes del G20 propuse la creación de un Fondo Mundial de Emergencia Humanitaria para enfrentar, mejor equipados de insumos, la pandemia del coronavirus COVID-19. Ante el dilema de preservar la economía o la vida, no dudamos: elegimos la vida. pic.twitter.com/mlhxVjTNep
— Alberto Fernández (@alferdez) March 26, 2020
“Não há lugar para demagogias ou improvisações. Enfrentamos o falso dilema de preservar a economia ou a saúde de nosso povo. Entendemos a economia, mas não hesitamos em proteger de maneira abrangente a nossa vida”, afirmou o presidente argentino durante a conferência, segundo a agência de notícias Télam.
Na reunião com o líderes do G20 para discutir medidas conjuntas de prevenção e combate aos efeitos da pandemia, Fernández reforçou discurso que tem mantido perante a crise gerada pelo avanço do novo coronavírus.
Diferente do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que se colocou contra a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e pediu a volta à normalidade das atividades no país, Fernández defende a manutenção do isolamento social enquanto for necessário para garantir a saúde da população.
Desde o dia 20 de março, todos na Argentina devem permanecer em isolamento social obrigatório pelo menos até a próxima terça-feira (31), quando será reavaliada a situação. O Estado está utilizando a Polícia Federal e militar para aplicar a quarentena.
Nesta quarta-feira, (25), Fernández afirmou que a medida será prorrogada, se necessário."Se tivermos que estender essas medidas, o faremos, porque entre a economia e a saúde, escolho privilegiar a saúde", afirmou. O presidente argentino classificou como mau exemplo para o resto da sociedade tentativas de burlar o isolamento social. "Para os idiotas, digo que a Argentina dos 'espertos' acabou", disse.
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“Há uma orientação muito clara do governo para que a população respeite a quarentena obrigatória", explica Manuel Bertoldi da Frente Patria Grande e membro da coordenação da Assembleia Internacional dos Povos.
Bertoldi afirma que o avanço do novo coronavírus trouxe para a população argentina um amplo debate sobre a importância do Estado para garantir a saúde pública para a população.
"Neste cenário de crise, está acontecendo um debate sobre a necessidade de um sistema de saúde público e a presença do Estado em termos de garantir certos serviços sociais e certa distribuição da riqueza. O povo argentino está se dando conta, pela própria realidade, da necessidade de um estado forte, um estado presente, garantindo o sistema de saúde, sistema de educação e sobretudo políticas de redistribuição de riqueza”, afirma.
O presidente argentino enviou ao Congresso nesta quarta-feira (25) um projeto para congelar o valor dos aluguéis por 180 dias e proibir os despejos durante esse período.O país já havia adotado desde a última semana, uma série de medidas econômicas, sociais e trabalhistas para enfrentar o vírus e aliviar os impacto econômico nos mais vulneráveis.
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Fernández alocou fundos substanciais para garantir o apoio do Estado a negócios e trabalhadores cuja atividade foi interrompida por causa da quarentena, e designou mais recursos para o seguro-desemprego. Ele também requisitou uma linha de crédito para assegurar a produção e disponibilidade de produtos básicos, e manter o mínimo de atividade econômica.
Antes de Fernández tomar posse em dezembro, a Argentina passava por uma das piores crises econômicas de sua história, consequência das políticas neoliberais do presidente anterior, Mauricio Macri.
Depois de tomar posse, ele imediatamente começou a trabalhar para desfazer o dano causado por Macri, focando em socorrer mais de 40% da população que havia sido jogada na pobreza. O sistema público de saúde também foi severamente afetado sob Macri, que chegou a dissolver o ministério responsável pela área.
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Bertoldi aponta que a Argentina vem de uma situação muito deficitária na área da saúde, gravemente deteriorada durante o governo Macri em especial nos grandes conglomerados urbanos, “onde o sistema de saúde frente a uma pandemia como essa que estamos atravessando não tem a capacidade nem mais remota de suportar”.
“É importante que se priorize a saúde pública. Estamos vindo de um contexto muito desfavorável ao nosso país. O presidente anterior Maurício Macri havia dissolvido o ministério da Saúde, quando assume Alberto Fernández a primeira coisa que fez foi restituir tanto o ministério da Saúde quanto o do Trabalho que haviam sido fechados. E desde então vem tentando reposicionar em termos orçamentários a Saúde”, conclui Bertoldi.
Edição: Leandro Melito