Crise pandêmica

"Depois que derrotarmos o vírus, vamos derrotar o governo", diz João Pedro Stedile

O membro da direção do MST conclamou trabalhadores a não irem ao trabalho enquanto o coronavírus provocar riscos

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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João Pedro Stedile se pronuncia sobre o coronavírus - Reprodução

O economista João Pedro Stedile, fundador e membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), convocou, nesta quarta-feira (18), líderes sindicais e religiosos para que se somem ao convencimento para que os trabalhadores fiquem em casa diante da crise provocada pela disseminação do coronavírus.

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Segundo ele, a única saída para conter a propagação do novo vírus, além dos cuidados com a higiene pessoal, é suspender imediatamente o trabalho e as atividades escolares.

“Conclamem os trabalhadores a não irem trabalhar. Depois que derrotarmos o vírus, vamos derrotar o governo e os patrões, para garantir que esses dias não trabalhados tenham seu salário integral”, anunciou.

Stedile afirmou ainda que o pagamento dos salários desses trabalhadores deve ficar a cargo do governo. “É importante que a gente deixe de ir ao trabalho, ir à escola. Depois que passar o pico, esses 20 dias, nós vamos brigar com o governo e com os patrões para ver quem vai pagar nossos salários”, disse o membro do MST.

Ele ressaltou que o governo tem dinheiro para lidar com os prejuízos aos trabalhadores. “O governo já reservou no orçamento de 2020 R$ 400 bilhões para pagamento de juros aos bancos, que são quatro ou cinco. Dinheiro existe. Com esses 400 bilhões nós podemos pagar os salários daqueles operários que não puderam ir para as empresas, podemos revigorar o Bolsa Família e incluir, inclusive, os precarizados que não têm emprego formal, e dar a eles uma Bolsa Família”, sugeriu Stedile.

A liderança do MST pediu união e paciência para que, após a crise do coronavírus, um novo rumo para o país volte a ser discutido. “Depois que passarmos a crise do vírus, vamos seguir. Vamos fazer assembleias, manifestações, passeatas, para discutir um novo rumo para o país, para, usando o ditado popular, fazer desse limão que é o vírus uma limonada. E nós aproveitamos para conscientizar mais o nosso povo, unir o nosso povo e praticar a solidariedade como um valor que congrega a sociedade”.

Edição: Vivian Fernandes