Marielle Franco

PSOL não quer que investigação sobre a morte de Marielle Franco vá para o STF

Em entrevista, presidente do partido teme interferências políticas e atraso nas investigações

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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A vereadora do PSOL Marielle Franco foi assassinada, aos 38 anos, no dia 14 de março de 2018
A vereadora do PSOL Marielle Franco foi assassinada, aos 38 anos, no dia 14 de março de 2018 - Miguel Schincariol/AFP

Após as novas revelações sobre o assassinato de Marielle Franco, o PSOL tentará evitar que o caso siga para o Supremo Tribunal Federal (STF). Este seria o caminho natural após a citação do presidente da República Jair Bolsonaro. 

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Para Juliano Medeiros, presidente nacional do partido, se a investigação for federalizada, “pode haver demora no avanço das apurações”. O partido solicitou uma reunião com o ministro Dias Toffoli, que preside a Suprema Corte. A posição foi apresentada em coletiva de imprensa, na sede do PSOL em São Paulo.

“O STF atrasaria a investigação e o que não queremos é que elas sejam interrompidas neste momento”, explicou o dirigente. Para Medeiros, caso a investigação vá para Brasília, há, ainda, a possibilidade de haver intromissão do presidente. “O Bolsonaro já mostrou disposição de interferir em investigações que envolvem os filhos.”

O receio do psolista encontra eco na medida adotada por Bolsonaro na manhã desta quarta-feira (30). O presidente acionou o ministro da Justiça Sérgio Moro para que o porteiro do Condomínio Vivendas da Barra deponha novamente, agora para a Polícia Federal.

“Nós repudiamos veementemente essa medida. Convocaram um depoimento fora dos autos do processo. A Polícia Federal não é uma polícia política, não pode ser”, protestou o presidente do partido.

 


Em coletiva de imprensa, Juliano Medeiros criticou o envolvimento de Moro na investigação: "A Polícia Federal não é uma polícia política, não pode ser" (Igor Carvalho/BdF)

Fragilidade

Para Medeiros, os novos fatos expõem, ainda mais, o governo de Jair Bolsonaro (PSL), deixando-o fragilizado. Ele espera ver nas ruas a reação popular contra o presidente, seguindo o exemplo dos vizinhos chilenos.

“Estamos torcendo para que o Brasil vire um Chile e que o povo na rua barre a agenda de Bolsonaro, assim como os chilenos barraram a agenda de (Sebastian) Piñera”, afirmou Medeiros, lembrando as manifestações chilenas, que tomaram conta do país e já duram um mês.

Em São Paulo, um ato foi convocado por diversos movimentos populares para esta quinta-feira (31), às 18h, no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp).

Pronunciamento presidencial

Ainda na coletiva, Medeiros disse que não encontrou no pronunciamento de Bolsonaro, feito na noite da última terça-feira (29), justificativas que cooperem para a elucidação do caso.

“As declarações foram insuficientes. Bolsonaro e as autoridades precisam esclarecer quem estava na casa 58. Além disso, precisamos saber qual a relação que (Ronnie) Lessa e Élcio Queiroz mantinham com Bolsonaro.”
 

Edição: Camila Maciel