Crime

Confira as reações às revelações do caso Marielle: “Quem estava na casa 58?”

Como reagiram a família, políticos e partidos sobre a conexão entre Bolsonaro e os assassinos da vereadora

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Presidente Jair Bolsonaro (PSL) publicou vídeo ao vivo nas redes sociais sobre reportagem do caso Marielle Franco
Presidente Jair Bolsonaro (PSL) publicou vídeo ao vivo nas redes sociais sobre reportagem do caso Marielle Franco - Foto: Reprodução

As novas revelações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), que ligam o presidente Jair Bolsonaro (PSL) aos assassinos, geraram uma avalanche de declarações nas redes sociais cobrando providências e investigação sobre os responsáveis pelo crime. 

No Twitter, Anielle Franco, irmã de Marielle, disparou: “Quem estava na casa 58?”, citando o número da residência de Bolsonaro no Condomínio Vivendas da Barra, onde Élcio Queiroz esteve horas antes do assassinato da vereadora, segundo divulgou a TV Globo na noite desta terça-feira (29). 

Em nota, o PSOL, partido de Marielle, pediu “esclarecimentos imediatos” sobre o fato. “Nunca fizemos qualquer ilação entre os assassinos e Jair Bolsonaro. Mas as informações veiculadas hoje são gravíssimas. O Brasil não pode conviver com qualquer dúvida sobre a relação do presidente da República e um assassinato. As autoridades responsáveis pela investigação precisam se manifestar”, declarou o presidente nacional do partido, Juliano Medeiros.

No Twitter, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) afirmou que a bancada do partido solicitou uma “reunião urgente” com o ministro chefe do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Tofolli. “O Ministério Público precisa ter a autorização do STF para seguir com a investigação e revelar ao Brasil quem mandou matar Marielle.”

A presidenta do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmanm (PR), se solidarizou com a família de Marielle e com o PSOL: “Quem vai ter que se ver com a polícia e com a Justiça é sua família, Eduardo Bolsonaro. Envolvida com Queiroz, com as milícias e agora citada no caso do assassinato de Marielle e Anderson. Se a banda tocar é para vocês”. 

Carlos Lupi, presidente do PDT, foi irônico. “Cito Brizola: ‘Tem rabo de jacaré, couro de jacaré, boca de jacaré, pé de jacaré, olho de jacaré, corpo de jacaré e cabeça de jacaré, como é que não é jacaré?”, indagou. 

A deputada federal Talíria Petrone (PSOL- RJ), considerada herdeira política de Marielle, também utilizou o Twitter. “Quais são as relações de Bolsonaro com membros de grupos de extermínio? Quem dentro da casa de Bolsonaro poderia saber que Élcio ia na casa de Ronnie Lessa no dia do assassinato? Quem mandou matar Marielle?”

“Descontrolado”

Minutos após a reportagem do Jornal Nacional, Jair Bolsonaro foi às redes sociais e fez um pronunciamento ao vivo. Visivelmente nervoso, o presidente disparou contra a emissora carioca. “Um jornalismo podre da TV Globo, canalha e sem escrúpulos. Vocês não prestam, esculhambam a família, só promovem o que está dando errado”, afirmou. 

Em outro trecho, o presidente pede apoio ao governador do Rio de Janeiro. “Eu não tive acesso ao processo, senhor [Wilson] Witzel. Eu quero falar sobre o processo. A partir da madrugada dessa quinta-feira, estou à disposição de vocês.”

No Twitter, internautas criticaram o tom do presidente e alertaram para o nervosismo do ex-militar. A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também comentou o pronunciamento do presidente. “Está assumidamente descontrolado e nervoso na própria live em que faz para tentar se defender. Algo estranho no ar”, finalizou a parlamentar. 

Entenda o caso

Denúncia divulgada pela TV Globo sobre os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes apontam que o principal suspeito dos crimes citou o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), no caso. Com isso, as investigações devem ser levadas para o Supremo Tribunal Federal (STF), por conta do foro privilegiado de Bolsonaro.

Segundo as revelações do Jornal Nacional, na noite desta terça-feira (29), a Polícia Civil do Rio de Janeiro teve acesso ao caderno de visitas do condomínio na Barra da Tijuca, na zona sul do Rio de Janeiro, onde vivia a família Bolsonaro e o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado pelo Ministério Público e pela Delegacia de Homicídios de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora e seu motorista.

Horas antes do crime, em 14 março de 2018, Élcio Vieira de Queiroz teria anunciado na portaria do condomínio que iria visitar Jair Bolsonaro e acabou indo até a casa do PM reformado. Élcio é acusado pela polícia de ser o motorista do carro usado no crime. Os dois suspeitos foram presos em 12 de março deste ano.

Conforme apresentou o JN, no dia da visita, Bolsonaro estava em Brasília e não em sua casa no Rio de Janeiro.

Bolsonaro negou o envolvimento no assassinato da vereadora, por meio de um  vídeo ao vivo nas redes sociais e chamou o governador do Rio de Janeiro de "inimigo". Ele ainda ameaçou a não renovação da concessão da TV Globo em 2022. "Acabei de ver aqui na ficha que o senhor [Witzel] teria vazado esse processo que está em segredo de Justiça para a Globo. O senhor só se elegeu governador porque o senhor ficou o tempo todo colado no Flávio Bolsonaro, meu filho", disse.

Segundo o presidente, Witzel teria vazado a informação da investigação porque é pré-candidato à disputa presidencial em 2022.

*Com colaboração de Igor Carvalho.

Edição: Vivian Fernandes