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Agronegócio já é muito maior do que aponta o Censo do IBGE, diz presidente da Contag

Segundo entidades, avanço sobre agricultura familiar é acelerado e resultado de políticas dos governos Temer e Bolsonaro

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Censo apontou redução do número de propriedades de agricultura familiar entre 2006 e 2017
Censo apontou redução do número de propriedades de agricultura familiar entre 2006 e 2017 - Agência Brasil

O Censo Agropecuário de 2017, divulgados nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após um período de quase dez anos sem um estudo do tipo sobre o setor, expressa em números a disputa pela hegemonia do modelo de produção agrícola no país, principalmente os efeitos do agronegócio. 

Com produção baseada em monoculturas e voltada para a exportação, o agronegócio avança em ritmo acelerado e domina 77% das terras agricultáveis no brasil.

De 2006 a 2017, segundo o IBGE, houve diminuição de 9,5% do número de estabelecimentos de agricultura familiar e, consequentemente, o fechamento de 2,2 milhões de postos de trabalho. 

A agricultura familiar -- praticada em pequenas propriedades onde ao menos, 50% de mão-de-obra é exercida pela família dona da terra -- ocupa somente 23% da área agricultável e é responsável pela produção de boa parte da diversidade dos alimentos que são consumidos no Brasil: 42% do feijão, 80% da mandioca, 48% do café e 69% do abacaxi, por exemplo.

De acordo com a avaliação de Aristides Santos, presidente da  Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), uma análise do cenário atual -- os dados do censo são de 2017 -- apresentaria um domínio ainda maior do agrobusiness.

Ele explica que o desmonte das políticas de incentivo à agricultura familiar e à agroecologia, em curso no Brasil desde o impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT), pelos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PSL).

“Se o censo tivesse sido feito em 2015, possivelmente os dados da agricultura familiar estariam mais positivos. Se fosse em 2019, por outro lado, estaria pior do que em 2017, pois já foi reduzido o orçamentos para os programas de incentivo à agricultura familiar, aumentaram as taxas de pobreza”, afirma Aristides Santos.

Para a coordenadora nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Kelli Monfort, o incentivo do atual governo ao agronegócio, junto com as política adotadas no pós-golpe de 2016, gerou concentração de renda, aumento da desigualdade e a subserviência aos Estados Unidos.

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“Neste período houve um processo de aprofundamento do agronegócio, de exportação de commodities com baixo valor agregado, que cria a dependência da economia brasileira. Ele combina com a conjuntura do golpe de 2016 e o interesse dos Estados Unidos sobre a América Latina e o Brasil, em especial”, argumenta Mafort.

Nos últimos dois anos, período não contemplado no Censo, há exemplos de outras medidas que favoreceram o ímpeto monopolístico do agronegócio brasileiro. A liberação de agrotóxicos no período, por exemplo, disparou. Também foi sancionada, por Temer, a lei 13.465/17, que permitiu a regularização de grandes propriedades de agronegócio em áreas públicas com suspeita de grilagem (posse irregular de terras).

Edição: Rodrigo Chagas