A coleção de prêmios que reconhecem a importância do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para a sociedade vai aumentar nesta sexta-feira (18), quando a Câmara Municipal de São Paulo homenageia o movimento com a Salva de Prata, a mais alta honraria da Casa.
A homenagem foi proposta pelo vereador Jair Tatto (PT) e aprovada por 38 parlamentares.
Em entrevista à Rádio Brasil de Fato, Kelli Mafort, da direção nacional do MST, classifica a premiação como um reconhecimento à organização popular, que extrapola as fileiras do movimento Sem Terra.
“Estamos entendendo que essa não é só uma premiação para o MST, mas para toda a luta do povo organizado, do povo brasileiro. É um reconhecimento da organização popular, da produção de alimentos saudáveis, da luta pela educação, das atividades culturais que desenvolvemos, da luta em defesa da saúde e principalmente da própria questão da função social da terra, que é pautada através das ocupações de terra”, diz.
A dirigente acrescenta que a premiação torna-se ainda mais relevante dado o atual contexto político, em que o governo de extrema direita de Jair Bolsonaro (PSL) se coloca como uma ameaça aos movimentos populares.
“É um governo que tem características, por um lado, ultraliberal e fundamentalista, e que acaba disseminando uma cultura de ódio na sociedade brasileira. O desafio principal é que o movimento popular possa continuar existindo e se organizando nas diferentes frentes, para continuar afirmando que a luta é legítima e que tem de ser defendida”, destaca.
A luta pela reforma agrária travada há 35 anos pelo MST, neste momento, em especial, encontra um novo obstáculo: a nomeação do economista Geraldo José da Câmara Ferreira de Melo Filho para a presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Kelli Mafort critica a escolha do nome para a chefia do órgão responsável pela promoção da reforma agrária.
“Ele traz em si uma síntese de tudo que precisamos combater do ponto de vista do latifúndio. Ele tem áreas improdutivas, que não cumprem a função social, e descumpre o que está na Constituição Brasileira. Então, como é que esse senhor estará à frente de um órgão responsável pela realização da reforma agrária?”, questiona.
A sessão solene para entrega da Salva de Prata ao MST na Câmara Municipal de São Paulo acontece às 19h desta sexta-feira, no Plenário 1º de Maio do Palácio Anchieta, localizado no Viaduto Jacareí, 100, no bairro Bela Vista.
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Edição: Guilherme Henrique